Resultado reflete os estímulos ao consumo dados pelo Governo. Consumidores sem planejamento não conseguiram quitar as dívidas

A maior parte das dívidas registradas pelo comércio brasileiro no mês de janeiro está relacionada a valores altos, acima de R$ 500. De acordo com o indicador mensal de inadimplência do SPC Brasil (Sistema de Proteção ao Crédito), o calote no comércio fechou em alta de 11,8% ante janeiro do ano passado. Do total de inadimplentes, 30,71% têm pendências em atraso contraídas por compras com valor acima de R$ 500.

Na avaliação da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), o resultado ainda é reflexo dos estímulos dados pelo Governo Federal ao longo de 2012, como a redução do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) para setor de automóveis, móveis e produtos da linha branca. “O setor automobilístico fechou 2012 com um recorde de vendas. Mas aqueles consumidores que não se planejam corretamente tendem a entrar em situação de inadimplência”, observa o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior.

Além disso, a facilidade de se conseguir crédito no Brasil fez com que aumentasse a parcela de consumidores com acesso a bens de maior valor, avalia a economista do SPC Brasil Ana Paula Bastos. “O elevado nível de emprego em situação recorde e os ganhos salariais acima da inflação permitiram ao consumidor facilidades na concessão de crédito”, explica a economista.

Faixa etária
No quesito idade, o maior número de inadimplentes registrados em janeiro é de pessoas idosas (mais de 65 anos), que representam 29% do total dos consumidores com prestações em atraso.

Na avaliação do SPC Brasil, esse resultado é reflexo da situação atual dos consumidores mais velhos. “Existem muitas facilidades para os aposentados e pensionistas obterem empréstimos consignados, levando muitos deles a comprometerem o próprio orçamento. Soma-se o fato destes consumidores terem despesas de alto custo como planos de saúde e remédios. Muitos deles não conseguem honrar os compromissos e entram em situação de inadimplência”, avalia a economista Ana Paula Bastos.