e esse comportamento é influenciado pelo fator econômico
A migração interna brasileira se dá prioritariamente para cidades próximas, dentro de um mesmo estado. Como segunda opção, as pessoas mudam para estados dentro de uma mesma região e só em último caso mudam de regiões pobres, como Nordeste e Norte, para as mais ricas, como Sul e Sudeste.
A constatação é do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O estudo Perfil do Imigrante Brasileiro, do Ipea, mostra por exemplo que no caso dos pessoas que saem do Acre os estados de destino são principalmente Rondônia e Amazonas, que absorvem juntos quase 70% dos acreanos que se mudam. O mesmo acontece com os piauienses, que em 25,5% dos casos preferem se estabelecer no Maranhão.
Segundo o coordenador do Núcleo de Informações Sociais do Ipea, Herton Araújo, esse comportamento é influenciado pelo fator econômico.
“O custo de migrar para outra Região é maior, e com isso o fluxo acaba sendo menor”, explica.
Ele destaca que, mesmo assim, o desenvolvimento forte de um estado puxa o fluxo migratório. É o caso de Santa Catarina e mais recentemente de Goiás, que vem recebendo muitos moradores da região do Entorno do Distrito Federal, onde o custo de vida é menor do que o de Brasília.
“Você tem que ver a migração como um sintoma. Onde há migração é sinal de que está acontecendo alguma coisa, ou de ruim no lugar em que as pessoas estão, ou de bom no lugar para onde elas estão indo”.
Araújo alerta que o Brasil está vivendo um refluxo de imigrantes nordestinos para São Paulo. No início dos anos 2000, a tradição de nordestinos, especialmente os baianos, se mudarem para a capital paulista havia diminuído e eram os paulistanos que estavam perdendo população para o Nordeste, num fenômeno chamado de migração de retorno.
Segundo ele, isso aconteceu principalmente por causa do incremento do salário mínimo e da Previdência Rural, que propiciaram a permanência das pessoas em seus estados de origem.
“O que a Pnad [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios] de 2008 mostrou é que esse fluxo inverteu-se novamente e o Nordeste voltou a mandar mais gente para São Paulo. Agora temos que esperar o Censo de 2010 pra saber melhor o que houve”.
Araújo acha que provavelmente o número está influenciado pelo período pré-crise, quando o desenvolvimento estava concentrado principalmente nos grandes centros.
O Pnud, que analisou o fluxo migratório de maneira menos detalhada no relatório Ultrapassar Barreiras: Mobilidade e Desenvolvimento Humano, também constatou a necessidade de dar atenção ao fluxo migratório interno dos países, em especial os da América Latina.
“Convém conhecer essa diversidade de pessoas e culturas que o Brasil tem e pensar isso sob a ótica da migração”, aconselha a especialista Isabel Pereira no Relatório de Direitos Humanos. Segundo ela, é preciso lembrar que os estados que recebem migrantes precisam se preparar em termos de educação, saúde e emprego.
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