Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor mostra que o percentual de famílias endividadas alcançou 61,6% este mês, superior aos 61,1% observados em dezembro de 2015

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostrou que aumentou, em janeiro, o número de famílias com dívidas tanto na comparação mensal como na anual. O percentual alcançou 61,6% este mês - superior aos 61,1% observados em dezembro de 2015 e aos 57,5% registrados no mesmo período do ano passado.

A proporção de famílias com dívidas ou contas em atraso e das que relataram não ter condições de pagar suas contas em atraso também aumentou em ambas as bases de comparação. O percentual de famílias inadimplentes cresceu de 23,2%, em dezembro de 2015, para 23,7% em janeiro de 2016 - o maior patamar desde setembro de 2011. No mesmo período do ano passado o índice era de 17,8%. A proporção das que declararam não ter condições de honrar as dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes atingiu 9,0% em janeiro, ante 8,7% em dezembro de 2015 e 6,4% registrados no mesmo período do ano passado.

"Embora seja observada retração nos indicadores de consumo das famílias, especialmente nas categorias de bens usualmente atreladas ao crédito, o aumento das taxas de juros, ao mesmo tempo em que há redução de emprego e da renda real dos consumidores, manteve o endividamento em patamar elevado", explica a economista da CNC Marianne Hanson.

A pesquisa destaca que a alta no número de famílias endividadas na comparação anual se deu nas duas faixas de renda analisadas: as que têm rendimento inferior a dez salários mínimos e as que têm renda superior a esse patamar. Já na comparação mensal, houve redução de 56,0% para 54,3% no grupo com renda superior a dez salários mínimos.

A proporção das famílias que se declararam muito endividadas aumentou na comparação mensal - de 13,5%, em dezembro de 2015, para 13,6% em janeiro. Em relação ao mesmo período do ano anterior, a alta foi de 3,6 pontos percentuais. Entre as famílias com contas ou dívidas em atraso, o tempo médio de inadimplência foi de 64,0 dias em janeiro - acima dos 61,4 registrados no mesmo período do ano passado.

O prazo médio de comprometimento da renda com o pagamento de dívidas atingiu 6,9 meses, sendo que 33,4% afirmaram estar com os rendimentos atrelados a pagamentos de contas por mais de um ano. A parcela média de renda comprometida com dívidas atingiu 31,7%, e 26,3% declararam ter mais da metade dos vencimentos vinculada ao pagamento desses compromissos. O cartão de crédito foi apontado como o principal tipo de dívida por 78,6% dos 18 mil entrevistados em todas as capitais e no Distrito Federal.

A análise completa, os gráficos e a série histórica da pesquisa seguem anexos e podem ser baixados no site da CNC.