Faesc constatou que a contratação de operações de crédito rural em 2007 ocorreu em ritmo menor que nos anos anteriores

Crédito suficiente e na hora certa. Essa é a reivindicação da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) ao constatar que a contratação de operações de crédito rural em 2007 ocorreu em ritmo menor que nos anos anteriores.

O presidente José Zeferino Pedrozo entende que a lenta implementação das medidas de renegociação das dívidas, discutidas desde maio, contribuiu para o atraso nas contratações das operações de custeio da safra 2007/2008. Lembra, contudo, que em 2007 houve alta significativa na oferta de recursos de crédito rural originários das exigibilidades bancárias. Esse aumento foi motivado pelo crescimento dos depósitos à vista e pela ociosidade na aplicação desses recursos no ano safra anterior, decorrente da crise de renda do setor.

A Faesc constatou que a renegociação das dívidas de custeio de safras anteriores comprometeu o limite de crédito de muitos produtores e os obrigou a buscar outras formas de financiamento com taxas de juros maiores do que as praticadas com recursos obrigatórios das instituições financeiras, fixados em 6,75% ao ano no Plano de Safra do Governo.

Agiu corretamente o Conselho Monetário Nacional (CMN), na opinião de Pedrozo, ao editar a Resolução Bacen nº 3.499, de 27 de setembro, flexibilizando a rígida classificação de risco até então adotada. Dessa forma, embora tenha sido verificado um aumento na área plantada das lavouras de verão, a utilização de recursos para financiamento de custeio poderá comprometer a renda do produtor em 2008.

Apesar da redução da taxa de juros em dois pontos percentuais em relação ao ano safra passado, e do aumento da oferta de recursos controlados, a Faesc teme que não haja aumento na aplicação de recursos pelos produtores. Em relação aos investimentos, verificou-se considerável aumento das contratações devido à lenta recuperação de renda observada em 2007, diante da aguda crise de 2006.

NOVA SAFRA

Para a safra 2007/08 foram previstos recursos de crédito rural da ordem de R$ 70 bilhões, sendo R$ 49,1 bilhões para custeio e comercialização, R$ 8,9 bilhões para investimentos e R$ 12 bilhões para a agricultura familiar. Mesmo diante da queda da taxa de juros dos recursos obrigatórios, que era de 8,75%aa e foi reduzida para 6,75%aa, a tomada de recursos por parte do produtor, em 2008, não será tão intensa como esperada.

A razão deste comportamento é a questão do endividamento rural, que toma parte do limite do produtor para novos financiamentos. Muitos deles estão com prorrogação de parcelas das dívidas de investimento e de custeio de safras anteriores.

O presidente José Zeferino Pedrozo disse que o setor primário espera a regulamentação das medidas sobre o endividamento rural com expectativa de alongamento de dívidas e ampliação de limites para a retomada de investimentos. Observa que a crise de renda do setor que imperou em 2006 e 2005 ainda não foi superada e vem limitando bastante o acesso a novos recursos para investimentos. Por isso, prevê ociosidade na aplicação de recursos alocados para o Moderfrota, cuja previsão era de R$ 3 bilhões em 2008.