Saul João Rovadoscki, presidente do Conselho de Administração da Sicredi Região da Produção RS/SC - cooperativa integrante do Sistema Sicredi que atua em 26 cidades do norte gaúcho e oeste catarinense - fala sobre como o Sicredi cresceu e quais as perspec

Das ações promovidas pelo Sistema Sicredi em 2015, quais gostaria de destacar?
Saul Rovadoscki - Em 2015, o Sistema Sicredi firmou uma parceria de grande importância com a Unicred Norte/Nordeste, que permitirá a ampliação da nossa atuação dos atuais 11 para 20 estados brasileiros, consolidando nossa presença nacional. A Unicred Central Norte/Nordeste conta com R$ 3,3 bilhões de ativos, 1,1 mil colaboradores e 28 cooperativas filiadas, que permanecerão com a mesma filosofia de trabalho e atendimento e com um portfólio ainda maior de produtos e serviços.

Neste ano, consolidamos - não só nas localmente, mas em todo o Sistema Sicredi - um modelo de governança que traz uma qualificação na gestão de todas as áreas. O Sistema também concluiu o planejamento estratégico até 2020, que estará focado em cinco temas principais: relacionamento, crédito, eficiência, liquidez e capital e atuação geográfica (expansão).

Qual foi o crescimento do quadro social neste ano? A que fato se deve este crescimento?
Rovadoscki - Houve um crescimento de, aproximadamente, 230 mil associados no Sistema Sicredi até o fim deste ano. Na Sicredi Região da Produção, que engloba 26 municípios do norte do Rio Grand e do Sul e oeste de Santa Catarina, 3.500 pessoas se associaram, tonando-se donas da cooperativa.

As pessoas se associam ao Sicredi devido aos nossos grandes diferenciais e pelos valores que temos como uma cooperativa "de pessoas para pessoas". Hoje, também temos uma proposta de presença nacional, porém com atuação regional, o que possibilita trabalharmos de acordo com a realidade do quadro social. As pessoas também reconhecem o retorno que as cooperativas trazem para a sociedade; o próprio Banco Central reconhece os benefícios proporcionados pelo cooperativismo de crédito, como inclusão financeira que ele proporciona.

Qual foi o crescimento das operações de crédito em 2015?
Rovadoscki - O Sistema Sicredi chega ao final de 2015 com R$ 1,4 bilhão de crescimento em sua carteira de crédito. Trata-se de um incremento significativo, visto que foi um ano no qual a economia brasileira passou por momentos de dificuldade.

Cabe destacar que, a exemplo do que fez todo o sistema financeiro, as cooperativas de crédito do Sicredi também assumiram uma postura mais criteriosa na liberação de crédito; além disso, os próprios associados demonstraram cautela nos investimentos em virtude do cenário atual da economia.

O Sicredi terá novidades para 2016? Quais?
Rovadoscki - Uma das novidades para o próximo ano é a resolução nº 4.434 do Conselho Monetário Nacional, a qual modifica a constituição e funcionamento das cooperativas de crédito, que passarão a ser classificadas em três categorias: cooperativa de crédito plena, cooperativa de crédito clássica e cooperativa de crédito de capital e empréstimo. Essa alteração é muito importante, pois possibilitará um maior crescimento do cooperativismo de crédito através do atendimento pleno das necessidades dos associados e do mercado.

A Sicredi Região da Produção, conforme seu planejamento estratégico para 2016 continuará sua caminhada de crescimento, focando no atendimento das necessidades de seu quadro social. Além disso, a cooperativa inaugurará, no final do ano, seu Centro Administrativo, empreendimento localizado em seu município sede, Sarandi/RS. A construção, que teve início em março de 2015, abrigará uma unidade de atendimento e a Superintendência Regional, responsável pelo suporte aos 22 pontos de atendimento da cooperativa, responsáveis pelo atendimento e relacionamento com os mais de 50 mil associados.

Um dos temas mais debatidos este ano esteve entorno da crise financeira. Como presidente de uma cooperativa de crédito, como o senhor avalia essa situação?
Rovadoscki - A maior crise é política e ela está impactando muito na economia brasileira. O momento é de cautela. Esperamos que essa situação política se resolva em breve e que, posteriormente, possamos ter um quadro econômico mais estável. Sabemos que sobrou uma conta para a sociedade pagar, com um aumento de impostos e encarecimento do chamado "Custo Brasil". Mas, independentemente disso, o Sicredi tem prosseguido com seu trabalho, e acreditamos que o momento de crise também pode representar uma oportunidade de crescimento para as cooperativas de crédito; isso já aconteceu em outros países, e pode se repetir conosco.