Endividamento dos catarinenses aumenta, mas se mantém em nível seguro para a economia do Estado
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(Fotos: Divulgação)
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores (PEIC) de fevereiro de 2013, divulgada na terça-feira (26), pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio-SC), revela que, na comparação com o mês de janeiro, o percentual de catarinenses endividados aumentou de 84,8% para 86,9%. Na avaliação da entidade, o padrão de endividamento ainda segue positivo, com boa parte das famílias tendo condições de manter sua situação financeira controlada. O estudo avalia a parcela da renda do consumidor comprometida com contas a prazo e, ainda, suas condições e expectativas para quitar débitos em atraso.
Na análise por faixa de renda, é possível perceber que as famílias com rendimento inferior a 10 salários mínimos são um pouco menos endividadas (86,8%) que o grupo com renda superior a 10 mínimos (87,4%). Na categoria dos muito endividados, há maior participação das famílias com renda até 10 mínimos, de 12,5%, um ponto percentual acima dos que têm renda superior. O inverso ocorre na categoria dos pouco endividados, com 33,3% nos com renda menor, contra 40,2% nos que possuem rendimentos acima de 10 salários mínimos.
Indicador dos muito endividados ficou estável
Quando o marco de análise é o nível de endividamento das famílias, os muito endividados variaram pouco (0,3 pontos percentuais para baixo), passando de 12,8% em janeiro para 12,5% em fevereiro. Os mais ou menos endividados aumentaram e passaram de 34,6% em janeiro para 39,8% em fevereiro. Entre os poucos endividados, houve uma ligeira queda: de 37,4% registrados em janeiro para 34,8% em fevereiro. Aqueles que responderam não ter dívidas somam 13,1%, ante 15,2% em janeiro de 2013.
Cartão de crédito segue na dianteira
Já em relação aos principais tipos de endividamento, o cartão de crédito continua sendo o principal responsável, com 53,8 % das dívidas dos catarinenses. A comodidade, a grande expansão dos cartões de crédito nos últimos anos, a queda nas taxas de juros e outras facilidades deste tipo de produto financeiro são os principais motivos para sua alta participação na estrutura de endividamento dos catarinenses. Em segundo, terceiro e quarto lugares aparecem, respectivamente, os financiamentos de carros (17,3%), carnês (11,8%) e financiamento imobiliário (7,7%).
Tempo de contratação de dívidas
No que diz respeito ao tempo de comprometimento, a maioria dos catarinenses endividados tem débitos por mais de um ano (48,6%). Aqueles que têm dívidas até três meses representam 39,7%. Entre três se seis meses, são 7%. E por fim, entre seis meses e um ano são 4,5%. O tempo médio de comprometimento com dívidas ficou em 7,2 meses.
A parcela da renda familiar comprometida com dívidas apresentou pouca variação. O comprometimento de menos de 10% apresentou queda de 2 pontos percentuais, marcando, em fevereiro, 13,7%. Na faixa entre 11% a 50%, a variação negativa foi de 1 ponto percentual, estando agora em 68,7%. E o comprometimento da renda acima de 50% passou de 13,4% para 17%, alta de 3,6 pontos percentuais. Na média, o comprometimento da renda familiar do catarinense ficou em 31%, um patamar ainda considerado seguro, principalmente em razão da baixa variação dessa média durante os últimos períodos analisados.
Também subiu percentual de inadimplentes
A quantidade de famílias com contas em atraso apresentou alta na comparação entre janeiro e fevereiro, de 21,7% para 22,6%. Dentre as famílias endividadas e com contas em atraso, 27,8% afirmaram que terão condições de pagar totalmente suas dívidas, ante 31,5% registrados no mês anterior. O tempo de pagamento destas contas em atraso se concentra acima dos 90 dias e em tendência de queda, representando 52,1%. Em geral, a média de tempo em dias para quitação das dívidas em atraso tem sido de 64,4 dias.
O número de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas aumentou em fevereiro para 38,8% - 0,6 pontos percentuais acima do resultado obtido em janeiro.
Entre os que têm rendimentos inferiores a 10 salários mínimos, a quantidade de famílias que não terão condições de pagar suas pendências financeiras é maior (42,9%), em comparação com as famílias com rendimento superior (25%).
Análise econômica exclusiva da Fecomércio-SC
A PEIC de fevereiro de 2013, realizada pela Fecomércio-SC a partir da pesquisa nacional feita pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), apresentou a manutenção de um padrão positivo no endividamento familiar do catarinense. “Os consumidores prosseguem se endividando, realizando suas compras, porém de maneira que não traz crises de endividamento”, avalia Mauricio Mulinari.
A pesquisa mostra que 61,2% das famílias têm condições de pagar suas dívidas totalmente ou em parte; as que têm conta em atraso representam 22,6% - número ligeiramente superior ao apresentado em janeiro (21,7%); a maior parte do comprometimento da renda com dívidas gira em torno dos 10% aos 50% da renda e a quantidade das muito endividadas apresenta importante queda.
De acordo com o economista da entidade, a sequência do padrão positivo do endividamento dos catarinenses aponta para possibilidades abertas de consumo no Estado, uma vez que o aumento do emprego, a elevação da renda e a manutenção da queda das taxas de juros ao consumidor deverão contribuir para o prosseguimento deste ciclo positivo da economia catarinense.
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