Crescimento de 5,4% da economia no ano passado foi o maior desde 2004.
O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 5,4% em 2007. O valor atingiu R$ 2,6 trilhões, segundo as informações das Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que estão sendo divulgadas hoje (12).
O resultado é o maior desde 2004, quando o PIB, que é a soma das riquezas produzidas no país, havia crescido 5,7%. A taxa confirma a expectativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o crescimento da economia ficaria acima de 5%.
Do terceiro para o quarto trimestre do ano passado, o PIB cresceu 1,6%. Segundo o IBGE, em 2007 a agropecuária (5,3%) obteve o melhor desempenho, seguida pela indústria (4,9%) e serviços (4,7%).
O crescimento da agropecuária deveu-se principalmente à lavoura, com destaque positivo para trigo (62,3%), algodão herbáceo (33,5%), milho em grão (20,9%), cana (13,2%) e soja (11,1%). Os produtos em queda foram café em grão (-16,7%), arroz em casca (-3,7%) e feijão (-4,4%).
Taxa de Crescimento poderá repetir este ano.
O coordenador de Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, disse acreditar que o Brasil poderá repetir neste ano a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país) registrada em 2007.
"Os únicos riscos a curto prazo para que isso não ocorra são o agravamento da recessão norte-americana, que prejudicaria as exportações brasileiras, afetando o equilíbrio da economia mundial, e uma pressão inflacionária interna maior", afirmou.
Quadros ressaltou, entretanto, que considera as duas condicionantes difíceis de acontecer. ?São pequenas as chances de qualquer um desses riscos acontecer com intensidade capaz de tumultuar e perturbar a trajetória, por isso temos condições de manter a faixa dos 5%, talvez um pouquinho menos?, analisou.
Segundo o economista, a taxa de investimento, que subiu 13,4% no ano passado, é um indicador relevante no resultado do PIB: "Temos que reconhecer que vivemos um momento muito favorável, nos últimos dez anos não há taxa similar para a formação bruta de capital, que mostra a parcela mais dinâmica do crescimento."
O aumento do consumo, que atingiu 8,6% em 2007, também foi destacado por Quadros, ao observar que houve a ajuda do crédito e dos salários. ?Todos os fatores que incentivam o consumo estão apontando nessa direção de crescimento. Mas, de qualquer maneira, passar de 5% ou 6% para 8,6% chamou a atenção, porque essas mudanças são mais gradativas?.
Na avaliação do economista, há necessidade de cautela, porque o consumo elevado pode gerar endividamento: ?Preferia que fosse um pouco mais de formação de capital e um pouco menos de consumo. Mas isso não tira a conclusão de um crescimento forte e balanceado, mesmo que no trimestre o consumo esteja um pouco exacerbado?.
Poítica econômica seguirá a todo vapor.
Apesar de comemorar o crescimento de 5,4% da economia em 2007, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu que continuará rigoroso com a política econômica.
?Não permitirei em hipótese alguma que alguém pense que nós estamos com os problemas todos resolvidos, que a economia está totalmente consolidada, que não temos mais nenhum problema. Portanto, agora vamos gastar. Não há hipótese?, disse o presidente para os empresários que participaram da mesa de negócios promovida pela revista The Economist.
Lula afirmou que prefere adotar uma postura cautelosa quanto ao resultado do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e enfatizou que uma de suas prioridades é a distribuição de renda. ?Não fico preocupado de ser chamado de conservador. Quero ser bastante agressivo é na política de distribuição de renda, na política social. Na economia, quero ser cauteloso?, destacou em discurso que durou uma hora e quinze minutos.
O presidente afirmou também que o país sofre de falta de mão-de-obra porque ficou parado durante mais de 20 anos e acabou surpreendido quando a economia começou a crescer novamente. ?O crescimento foi muito rápido e pegou um país, que estava há 26 anos com crescimento muito baixo, despreparado?, disse Lula, ao enfatizar que governo e iniciativa privada estão investindo para a formação de pessoal.
Antes de participar da mesa de negócios, Lula esteve na cerimônia de comemoração dos quatro anos do Ministério de Desenvolvimento e Combate à Fome. Mais uma vez, o presidente criticou a elite brasileira, que segundo ele, é a principal adversária dos programas sociais.
?O grande adversário do ministro [Patrus Ananias] e dos programas [do ministério] foi enfrentar o preconceito arraigado na cabeça de um parte da elite brasileira que acha que tudo que a gente dá para ela é investimento. Para os pobres, é gasto?, disse Lula.
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