Com o aquecimento dos negócios no final do ano e a alta nos níveis de emprego e renda, a demanda por crédito continua aquecida. Segundo o Banco Central, as empresas buscam o capital para realizar investimento e para capital de giro, enquanto as famílias contraem empréstimos para manter seu consumo de bens duráveis, como automóveis.

Nesse contexto, os empréstimos bancários somaram R$1.645 bilhões em outubro, registrando uma alta de 1,9% em relação a setembro, e 20,3% em relação a outubro do ano passado.

Com esse resultado, o volume de crédito chega a 47,2% do PIB, contra 46,7% de setembro e 44,6% em outubro de 2009.

A participação dos bancos privados nacionais no crédito total, impulsionada pelo incremento da demanda de pessoas físicas e serviços, cresceu 0,1% no mês, ficando em 40,6% em outubro. A representatividade das instituições financeiras públicas manteve-se em 41,9%, enquanto a dos bancos estrangeiros caiu de 17,6% para 17,5%.

Linhas de crédito

As operações referenciadas em recursos livres totalizaram R$1.079 bilhões, com acréscimos de 1,6% no mês e de 15,7% em relação a outubro do ano anterior, embora sua participação relativa no total de crédito do sistema financeiro tenha recuado 0,2 p.p. no mês, ao atingir 65,6%.

Os financiamentos destinados a pessoas jurídicas traduziram principalmente a evolução das modalidades de capital de giro e adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACC), registrando crescimentos de 1,6% no mês, resultante das elevações de 1,7% nas carteiras com recursos domésticos, que alcançaram saldo de R$489,2 bilhões, e de 1,2% nas operações lastreadas em moeda estrangeira, com volume de R$52,2 bilhões.

O saldo dos empréstimos contratados com pessoas físicas, com ênfase nas expansões das modalidades financiamento de veículos e crédito pessoal, atingiu R$537,4 bilhões, elevando-se 1,6% no mês.

Crédito ao setor privado

A evolução dos financiamentos ao setor privado, considerando as operações com recursos livres e direcionados, expressou a aceleração sazonal das atividades empresariais típicas de fim de ano. O saldo dos empréstimos contraídos cresceu 2% em relação a setembro ficando em R$1.578 bilhões.

As contratações efetuadas pela indústria elevaram-se 2,2% no mês, somando R$354,3 bilhões, com relevância para a demanda dos setores de energia, agronegócios e siderurgia.

As operações destinadas ao segmento "Outros serviços" atingiram R$282 bilhões, com aumento mensal de 1,9%, destacando-se os ramos de telecomunicações e infraestrutura de navegação.

Os empréstimos concedidos ao comércio, refletindo a demanda dos ramos de alimentos e bebidas, registraram incremento de 2,5% em outubro, totalizando R$164,1 bilhões.

Os financiamentos habitacionais a pessoas físicas e cooperativas habitacionais continuam em evolução acelerada, com expansões de 3% no mês e de 51,5% em doze meses, ao totalizar R$129,1 bilhões em outubro.

A carteira de crédito rural alcançou R$121,6 bilhões, após crescimento mensal de 1,5%, com relevância para as operações destinadas ao custeio da safra de verão 2010/2011 e a investimentos agrícolas.

As operações de crédito contratadas com o setor público somaram R$66,4 bilhões em outubro, um aumento de 0,8% em comparação a setembro. Esse desempenho decorreu do aumento de 0,9% nas carteiras do governo federal, saldo de R$35,5 bilhões, refletindo, basicamente, a incorporação de encargos sobre a dívida de empresas do ramo de petróleo e gás, bem como da elevação de 0,6% na dívida bancária dos governos estaduais e municipais, cujo saldo atingiu R$30,9 bilhões.

Crédito livre

Entre as modalidades de crédito livre a pessoas físicas, destacaram-se os financiamentos para aquisição de veículos, cujo saldo alcançou R$130,1 bilhões, uma elevação de 3,7% no mês e de 44,4% em doze meses.

A carteira de crédito pessoal, por sua vez, registrou crescimento menos acentuado, com elevações de 1,6% e de 23,7% nos mesmos períodos, atingindo saldo de R$200,1 bilhões, refletindo a desaceleração nas concessões de crédito consignado.

Nas operações destinadas às empresas, os empréstimos de capital de giro atingiram saldo de R$253,5 bilhões, registrando expansões de 1,7% no mês e de 23,6% em doze meses. Os financiamentos lastreados em recursos externos elevaram-se 1,2% no mês, traduzindo crescimento de 2,4% no saldo dos adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACC), situado em R$31 bilhões.

Juros

A taxa média de juros das modalidades que compõem o crédito referencial ficou em 35,4% ao ano em outubro, com aumento de 0,3% se comparado a setembro, e com queda de 0,2% em relação a outubro do ano passado.

O incremento mensal foi condicionado pelas contratações das famílias, cujo custo médio elevou-se 1% atingindo 40,4% ao ano. Em sentido inverso, a taxa média de juros nas modalidades destinadas às empresas apresentou redução de 0,3%, ficando em 28,7% em outubro. Nesse contexto, o spread bancário alcançou 24,4%, registrando elevação de 0,3% em relação a setembro e declínio em 1,6% em doze meses.

A inadimplência do crédito referencial, considerando as operações com atrasos superiores a noventa dias, manteve-se estável em outubro, ficando em 4,7%. Em relação a outubro do ano passado, houve queda de 1,1%. Os níveis de atraso, considerada a abertura em operações a pessoas físicas e jurídicas, permaneceram também estáveis em 6% e 3,5%, respectivamente.