Chega ao fim o VI Seminário Protegendo as Mulheres da Violência Doméstica
Após três dias de painéis relacionados à defesa e ao encorajamento da mulher vítima de violência doméstica, o VI Seminário Protegendo as Mulheres da Violência Doméstica terminou no início da tarde desta sexta-feira (16). O evento foi requerido pela deputada Ada Faraco De Luca (PMDB), mas foi realizado pelo Fórum Nacional de Educação em Direitos Humanos e pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM), com o objetivo de apresentar novas propostas para os operadores do direito e profissionais de atendimento às vítimas de violência doméstica, entre outros.
O painel desta manhã tratou de boas práticas no apoio às mulheres e no combate à violência doméstica. O psicólogo da 6ª Delegacia de Polícia da Capital, Paulo Henrique, falou sobre o trabalho desenvolvido pela equipe de psicólogos em relação aos agressores. O Grupo de Homens em Situação de Violência Doméstica foi implantado em novembro de 2007, com encontros quinzenais com duração de duas horas com os homens que praticaram algum tipo de agressão doméstica. O projeto em delegacias especializadas à mulher em todo o país é pioneiro.
De acordo com Paulo, a grande questão que envolve as agressões continua sendo o machismo, que muitas vezes continua perpetuado pela educação dada pelas próprias mães. “Queremos produzir novas fórmulas de masculinidade em que a agressão não seja a força masculina”, observou. Entre os objetivos do projeto está a igualdade de gêneros. Para isso, a adesão dos homens deve ser voluntária, o que possibilita a flexibilidade do agressor para mudanças em seu comportamento. Entretanto, o convite para o grupo é feito pela equipe de psicólogos da delegacia. “A violência doméstica deve ser analisada como um todo. Não basta só cumprir a Lei Maria da Penha. Por trás da violência estão questões históricas e psicossociais”, ressaltou.
O projeto Sempre Vivas, desenvolvido na cidade de Ceilândia, no Distrito Federal, foi apresentado por Maria Socorro Silva. Em 2006, antes da Lei Maria da Penha, em um mapeamento dos índices de violência feito, descobriu-se que a violência doméstica era a principal demanda nos Juizados Especial Criminais de Brasília. Para resolver o problema este projeto entrou em ação.
Segundo Socorro, como é conhecida, as vítimas não queriam que o agressor fosse punido ou retirado da família. “Elas só querem que a violência cesse”, comentou. As mulheres eram encaminhadas ao tratamento psicossocial, mas não compareciam porque não tinham acesso a transporte para chegar até o local. “Depois que o Sempre Vivas foi implementado, as mulheres passaram a ter atendimento no mesmo local”, disse.
O atendimento é feito em grupos para homens, conscientizando-os sobre a responsabilidade pelos atos cometidos; para mulheres, fortalecendo seus poderes, através da auto-estima e da autonomia; e para casais, onde se identifica e responsabiliza cada um pela situação de violência.
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