Na Pesquisa realizada pela Fecomércio-SC, presidida por Bruno Breithaupt, é possível perceber que as famílias que ganham menos de 10 salários mínimos são menos endividadas.

O endividamento dos consumidores catarinenses no mês de janeiro subiu na comparação com dezembro de 2012. O percentual de famílias endividadas – aquelas que têm contas a pagar – que era de 82,9%, teve alta de 1,9 pontos percentuais, alcançando os 84,8%. Na comparação anual, a tendência apresentada é de queda, tendo o endividamento variado negativamente 0,9 pontos percentuais.

Este é um dos principais dados apresentados pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Fecomércio-SC e Confederação Nacional do Comércio (CNC) divulgada nesta quinta-feira (24). De acordo com o presidente da Fecomércio, Bruno Breithaupt, os números mostram que os catarinenses vivem um bom momento financeiro: têm conseguido reduzir as contas em atraso – comportamento que se mantém positivo desde outubro de 2012.

Acesse relatório completo da pesquisa neste link.


Análise do endividamento
Ao tomar como base o endividamento por faixa de renda, é possível perceber que as famílias que ganham menos de 10 salários mínimos são um pouco menos endividadas (83,3%), em comparação com o mesmo tipo de grupo, porém com renda superior a 10 salários mínimos (89,7%).

Na categoria dos muito endividados, há maior participação das famílias com renda acima de 10 salários mínimos (12,8%), em comparação àqueles que recebem rendimentos inferiores a 10 salários (12,7). Já na categoria dos pouco endividados, dentro do mesmo recorte de análise, o cenário se repete: 41% estão na faixa dos que ganham mais de 10 mínimos e 36,3% aparecem no gráfico de quem tem renda inferior.


Nível de endividamento
Quando o marco de análise é o nível de endividamento das famílias, a tendência de reajustamento das dívidas também se apresenta, tendo a categoria dos muito endividados variado de forma significante (4,1 pontos percentuais), passando de 16,9% em dezembro para 12,8% em janeiro.

Os mais ou menos endividados aumentaram e passaram de 27,2% em dezembro para 34,6% em janeiro. Entre os poucos endividados, houve uma queda pouco significativa: de 38,7%, registrado em dezembro, para 37,4% de janeiro. Aqueles que responderam não ter dívidas desse tipo somam 15,2%, em comparação aos 17,1% que representavam em dezembro de 2012.


Tipos de dívida – cartão de crédito segue liderando
Em relação aos principais tipos de dívida dos catarinenses, o cartão de crédito continua sendo o principal agente do endividamento. Ele é responsável por 56,2 % das dívidas das famílias. A comodidade deste tipo de dívida, a grande expansão no número de cartões de crédito dos últimos anos, as quedas nas taxas de juros e outras facilidades de produto financeiro são os principais motivos para a alta participação desse tipo de dívida na estrutura de endividamento do catarinense. Em segundo, terceiro e quarto lugar aparecem, respectivamente, os financiamentos de carros, carnês e financiamento de casas.


Tempo médio das dívidas é de 7,2 meses
Já em relação ao tempo de comprometimento com as dívidas, a maioria dos catarinenses endividados tem dívidas por mais de um ano (49%). Aqueles que têm dívidas até três meses representam 39,5%. Entre três e seis e meses, são 6,7%. E, por fim, entre seis meses e um ano são 4,8%. O tempo médio de comprometimento com dívidas ficou em 7,2 meses.

A parcela da renda das famílias comprometida com dívidas apresentou pouca variação. O comprometimento de menos de 10% apresentou queda de 1,1 pontos percentuais, marcando, em janeiro, 15,7%. Na faixa entre 11% a 50%, a variação positiva foi de 0,7 pontos percentuais, estando agora em 69,7%.


Cai o número de famílias com contas atrasadas

A quantidade de famílias com contas em atraso apresentou queda na comparação entre dezembro e janeiro. De 23,1% de famílias com contas em atraso em dezembro, o percentual caiu para 21,7% em janeiro.

O tempo de pagamento destas contas em atraso se concentra acima dos 90 dias e em tendência de queda, representando 44,7%. O período entre 30 e 90 dias é de 26,5%. E o mais curto, até 30 dias, apresenta 28,7%, ante 17,7% de dezembro. Em geral, a média de tempo em dias para quitação das dívidas em atraso tem sido de 60,5 dias.


Análise das famílias que não terão condições de pagar suas dívidas
O número de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas (dentro do universo dos 21,7% correspondentes aos devedores) aumentou em janeiro para 38,2%, 0,6 pontos percentuais acima do resultado obtido em dezembro, mas inferior ao dado de outubro. Entre as famílias que têm rendimentos inferiores a 10 salários mínimos e estão com as contas atrasadas, 42,1% afirmaram não terem condições de pagar suas pendências financeiras. No grupo daquelas que ganham acima de 10 mínimos, o percentual atinge 25%.

Quanto ao percentual total de famílias pesquisadas, o número de catarinenses que disseram não ter condições de pagar suas contas reduziu de 8,7% em dezembro para 8,3% em janeiro.


Conclusão
A pesquisa de endividamento e inadimplência dos consumidores catarinenses de janeiro de 2013 apresentou a manutenção de um padrão muito positivo. Os consumidores seguem o processo de redução das dívidas em atraso, iniciado em outubro de 2012. Outro indicador é que o número de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas apresenta em queda. Assim, o aumento do endividamento e a tradicional ida às compras, não apresenta risco ao potencial de consumo dos catarinenses, pois está em consonância com o processo de quitação de dívidas.

A continuidade do padrão positivo da relação endividamento e o nível de endividamento catarinenses apontam para novas possibilidades de consumo. A continuidade do aumento do emprego, da renda e da queda das taxas de juros pode contribuir para uma redução ainda maior das dívidas e, por conseguinte, criar indicadores ainda mais positivos para o consumo.