Bem-estar animal: Coopercentral Aurora adota o programa de abate humanitário
A Coopercentral Aurora – um dos maiores conglomerados agroindustriais do país – é uma das primeiras empresas brasileiras a aderir ao Programa Nacional de Abate Humanitário, mundialmente conhecido pela sigla STEPS. As primeiras unidades a participar do treinamento foram duas plantas industriais de suínos de Chapecó, nesta semana.
O presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznaster, e o diretor de agropecuária, Marcos Antônio Zordan, enfatizam que o principal objetivo do programa é formar multiplicadores através da transmissão do conhecimento e capacitação sobre boas práticas no manejo pré-abate e abate de aves, bovinos e suínos para minimizar o sofrimento que possa ser causado aos animais, melhorar o ambiente de trabalho e a qualidade do produto final.
O programa elevará a qualidade da carne e proporcionará uma vida melhor aos milhões de animais destinados ao consumo. Esse aperfeiçoamento será implantado em estabelecimentos exportadores e, também, em frigoríficos que destinam sua produção ao mercado interno.
A adoção dos princípios e conceitos do abate humanitário tornou-se prioridade nos últimos anos. Em 2008, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e a Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) firmaram acordo de cooperação visando implementar melhorias no bem-estar no manejo pré-abate dos animais de produção no Brasil.
Para atingir esse objetivo, lançaram em abril o programa STEPS destinado a promover treinamentos nas unidades de processamento de carne onde há Serviço de Inspeção Federal (SIF). Em Santa Catarina, primeiro Estado a receber o programa, serão capacitados todos os fiscais federais agropecuários, agentes de inspeção e médicos veterinários conveniados, além das equipes técnicas dos 49 frigoríficos com SIF. Esses recursos humanos serão capacitados para aplicar os critérios relacionados ao bem-estar dos animais no manejo pré-abate.
TREINAMENTO
Serão treinados mais de 60 trabalhadores da Coopercentral Aurora dos abatedouros de suínos (Chapecó) e de aves (Quilombo e Maravilha) nos meses de setembro e outubro deste ano.
O programa consiste em dois dias de treinamento teórico e prático durante período integral em cada frigorífico envolvendo a equipe técnica das agroindústrias e o pessoal do SIF. A equipe de treinadores do Programa Nacional de Abate Humanitário, de comum acordo com a agroindústria, faz uma visita prévia no dia anterior ao treinamento para avaliação e coleta de imagens. As fotografias e a filmagem serão analisadas nos dois dias de treinamento, que é baseado na realidade do próprio frigorífico.
O grupo de treinadores da WSPA – formado pelas médicas veterinárias Charli Ludtke e Tatiane Dandin e pelos zootecnistas José Rodolfo Ciocca, Juliana Vilela e Alessandra Tondatto – iniciou os trabalhos nos frigoríficos de Santa Catarina, onde ficará por cerca de seis meses, seguindo para o Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo.
A coordenadora do programa, Charli Ludtke, realça que, quando os frigoríficos melhoram o bem-estar dos animais, diminuem os riscos de fraturas, contusões e hematomas, cai o percentual de mortalidade e melhora a qualidade final do produto cárneo. “São ações éticas e economicamente viáveis”, conclui.
A equipe do Programa STEPS fornece material didático em forma de manuais e DVDs. O treinamento abordará a importância do bem-estar animal no pré-abate, comportamento e manejo, conforto térmico e ambiente da área de descanso, condição física e abate emergencial, métodos de insensibilização, avaliação da eficiência da insensibilização, cuidados durante a sangria, estresse e qualidade da carne. A programação pode variar de acordo com as necessidades de cada planta. Inclui as fases de carga, transporte, descarga, pendura e abate.
O comportamento natural dos animais e suas necessidades serão melhor compreendidas e respeitadas, eles serão manejados com mais docilidade e menos agressividade, serão devidamente insensibilizados para que estejam inconscientes no momento da sangria, explica a assessora técnica e médica veterinária da Aurora, Eliana Bodanese. Ela assinala que, para atingir o sucesso nos padrões de bem-estar animal e na qualidade do produto, é de extrema importância a colaboração de todos os profissionais das unidades com Serviço de Inspeção Federal para implantação do Programa Nacional de Abate Humanitário em Santa Catarina que será, posteriormente, oferecido aos outros estados e utilizado como modelo no Brasil.
O projeto estava sendo elaborado há mais de dois anos e foi totalmente patrocinado pela WSPA, utilizando o que há de mais moderno na ciência do bem-estar animal, adaptando o conteúdo à realidade brasileira. Toda a gravação dos vídeos e o material didático para o treinamento foram produzidos no Brasil e contou com a colaboração de especialistas brasileiros. A história do bem-estar animal na legislação brasileira remonta ao ano de 1934, quando o presidente Getúlio Vargas editou a declaração dos direitos dos animais.
NECESSIDADE
Nos últimos anos tem se evidenciado uma demanda crescente, de diversos países por produtos de animais criados e abatidos sem crueldade. O programa de abate humanitário atende a essa demanda e, também, satisfaz a legislação brasileira, as diretrizes da OIE, as leis européias e o movimento global em favor dessa causa. É parte das exigências do mercado que compra carne brasileira, pois o Brasil é um país produtor de proteína de origem animal e grande exportador. Mercados mais exigentes, como a União Européia, praticam esses padrões há muitos anos e, agora, exigem esses preceitos dos seus fornecedores.
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