Banco Central interrompe ciclo de cortes iniciado em agosto de 2011; País sobe para 3º no ranking de juros reais

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve a taxa básica de juros em 7,25% ao ano e interrompeu nesta quarta-feira, 28, o ciclo de cortes iniciado em agosto de 2011, quando a Selic estava em 12,50% ao ano. A instituição também indicou que não deve mexer tão cedo na taxa, que serve de referência para o custo do crédito e para a maioria das aplicações financeiras, pois a economia brasileira só agora começa a se recuperar e a crise nos países desenvolvidos segue sem solução. A decisão foi unânime e já era esperada pela maioria dos economistas.

Com a manutenção do cenário, o Brasil subiu uma posição no ranking mundial de juros reais, passando de quarto para o terceiro maior pagador.

A instituição também repetiu as afirmações feitas ao final da reunião anterior, em outubro, quando foi realizado o último corte de juros. Para o BC, a estabilidade dos juros "por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear". Ao justificar a manutenção, a instituição citou ainda o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, mesma avaliação feita no começo do mês passado.

Essa foi a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano. Agora, os diretores do BC só voltam a se reunir nos dias 15 e 16 de janeiro. A expectativa da maior parte do mercado financeiro é de que os juros continuem no patamar atual pelo menos até o fim de 2013.

Entre agosto do ano passado e outubro de 2012, foram realizados dez cortes seguidos nos juros, que estão hoje no menor patamar da história recente. As taxas para consumidores e empresas também atingiram mínimos históricos. A inflação, por outro lado, está em 5,45% nos últimos 12 meses, acima do centro da meta de 4,5%. Já a atividade econômica só agora começa a se recuperar, o que deve fazer com que o crescimento nos dois primeiros anos do governo Dilma Rousseff registre a segunda pior média da história recente, atrás apenas do governo Collor.

As previsões oficiais de crescimento para este ano são de 1,6%, pelo BC, e de 2%, pelo Ministério da Fazenda. Para o próximo ano, analistas já começaram a reduzir suas estimativas, cuja média está agora abaixo de 4%.

O diretor de investimentos da Lecca, Samy Balassiano, projeta um crescimento em torno de 3,5%. Para o economista, esse patamar já deve puxar para cima a inflação e levar o BC a subir os juros no segundo semestre. Em relação aos cortes já realizados, Balassiano diz que alguns analistas ficaram assustados no começo, mas a decisão de reduzir os juros já em 2011 foi acertada. "A gente não conseguiu crescer, mesmo com juros baixos, mas não tivemos nenhuma disparada da inflação."

Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que os juros estão hoje mais próximos do verificado no resto do mundo. Ele disse, no entanto, que a instituição não abandonou a política monetária e poderá fazer ajustes nos juros, para cima ou para baixo, quando necessário.