RCN - Os números do IBGE mostram um aumento nas vendas do comércio em 2019 de até 8 % no Estado. Como o setor percebe essa melhora?

Bruno Breithaupt - Em 2019 houve uma sensível melhora, mas ainda não chegamos no índice pré-crise. Nós não chegamos no faturamento do período anterior a 2014. De qualquer maneira, houve crescimento, principalmente porque no nosso Estado temos o menor índice de desemprego, uma economia diversificada, e a confiança do consumidor aumentou tendo em vista a reforma da Previdência e outras ações do governo federal. O setor de serviços e o setor de turismo cresceram também, mas não no mesmo ritmo do comércio.

RCN - Como é possível classificar o ano de 2019? Regular? Bom?

Breithaupt - Acho que seria um ano, considerando a crise, um ano satisfatório. Nós ainda temos uma longa caminhada. Um ano satisfatório considerando os anos anteriores, de crise.

RCN - A gente teve um aumento considerável em índices de confiança dos empresários. Esse avanço é resultado das reformas?

Breithaupt - Com a reforma da Previdência, com a discussão que se iniciou da reforma tributária, tivemos avanços significativos. Nós acreditamos que neste ano a reforma tributária saia. E outras ações que o governo vem implementando no sentido de propiciar um ambiente favorável para os empresários.

RCN - A Federação está avaliando as possíveis reformas tributárias? Qual o modelo defendido?

Breithaupt - Nós defendemos um imposto sobre consumo. Na hora que o consumidor compra ele paga o imposto relativamente àquilo que ele consome. É o mais justo. Quem compra mais, vai pagar mais imposto proporcionalmente. A proposta do imposto único é para desburocratizar o pagamento de tributos e que vem para diminuir o número de horas que as empresas gastam com o cálculo do imposto. O Brasil é um dos países que mais gasta tempo calculando e pagando impostos. Mas que a reforma não seja somente isso, e que não venha no bojo um aumento da carga tributária. Temos que cuidar muito para que ela venha em benefício do consumidor.

RCN - Além das reformas a nível federal, houve mudanças no âmbito estadual...

Breithaupt - Com relação aos benefícios fiscais, houve uma alteração para ter mais segurança jurídica. Isso faz com que o empresário tenha mais confiança com relação a investimentos, porque ele tem segurança de que eventuais benefícios fiscais estão assegurados pela própria Assembleia, então isso foi um ganho. O aumento de arrecadação em 2019 foi de 12%. Isso mostra que as empresas estão com a atividade econômica melhor do que em anos anteriores.

RCN - Nesse embalo de reformas, 2020 deve ser melhor do que 2019?

Breithaupt - Não tenho um percentual, mas considerando todas essas ações do governo federal, liberdade econômica, contrato verde e amarelo, liberação do FGTS, tudo isso fez com que a economia se movimentasse com mais ênfase e projetando um ano de 2020 bem melhor.

RCN - 2020 é um ano de eleições municipais. O que o senhor acha que tem que ser pauta no pleito?

Breithaupt - A infraestrutura continua na pauta, segurança pública, e saúde, são os pontos que deverão ser mais discutidos. Dentro da infraestrutura tem a questão da mobilidade. A mobilidade das cidades é um problema hoje que praticamente todos os municípios enfrentam.

RCN - Qual a mensagem para o empresário catarinense?

Breithaupt - Eu sempre digo que o empresário catarinense tem diferenciais, com empreendedorismo, criatividade, e muita perseverança. Isso faz com que tenhamos um Estado diferenciado. Além disso, a Federação teve um olhar muito importante na representatividade dos sindicatos. Estamos buscando oferecer serviços aos sindicatos para que possamos atrair os empresários para o mundo sindical.