Após ano perdido, indústria de SC espera 2013 melhor
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O presidente da Fiesc, Glauco José Côrte (Fotos: Berenice dos Santos)
Setor acredita na melhora do ritmo de atividades ainda no último trimestre de 2012 puxada pelo mercado interno. Investimento e consumo das famílias devem estimular crescimento do PIB no ano que vem
A indústria de Santa Catarina encerra 2012 com fraco desempenho nos principais indicadores do setor. O quadro geral mostra que no acumulado do ano até outubro sobre o mesmo período no ano passado foram registrados números negativos na produção (-2,9%) e nas horas trabalhadas na produção (-1,2%). As exportações e as importações reduziram-se 0,5% e 0,9%, respectivamente, no acumulado do ano até novembro ante o mesmo período em 2011. Os dados positivos do ano são a geração de emprego com a criação de mais de 30 mil vagas e alta de 4,9%, e as vendas, que elevaram-se 8,8% até outubro. Apesar do ano difícil, o segmento entra 2013 mais confiante, com perspectivas de melhora no ritmo de atividade ainda no último trimestre de 2012 puxada pelo mercado interno, informa a Federação das Indústrias (Fiesc).
"A indústria iniciou o ano com expectativa positiva, que não se confirmou. Por esse motivo houve formação de estoques. Isso, junto com a incorporação de itens importados, explica o descompasso entre a produção, que caiu, e as vendas, que se elevaram", explica o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte.
A produção industrial registrou desempenho negativo em seis das onze atividades pesquisadas. As retrações mais significativas ocorreram em máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-41,5%) e veículos automotores (-15,5%), por causa da menor produção de motores elétricos e carrocerias. A atividade com melhor desempenho foi máquinas e equipamentos, com alta de 16,5%, impulsionada pela redução do IPI para a linha branca.
No acumulado de janeiro a outubro, as horas trabalhadas na produção caíram 1,2% em relação ao mesmo período no ano anterior. No entanto, em outubro houve aumento de 7,4% ante setembro no indicador, o que sinaliza crescimento no nível de atividade econômica no último trimestre.
Em relação às vendas, os primeiros três trimestres de 2012 indicaram que a indústria do Estado apresentou nível de faturamento real superior ao desempenho do ano anterior, resultado da queda do nível de estoques. Outubro fechou com alta nas vendas de 14 dos 16 setores pesquisados, o que aponta aquecimento da atividade econômica no último trimestre.
As exportações apresentaram desempenho inferior ao registrado em 2011, se considerado o período de janeiro a novembro, com queda de 0,5%. Os embarques somaram US$ 8,2 bilhões. As importações atingiram US$ 13,4 bilhões. O montante equivale a uma queda de 0,9% sobre o valor das compras do estado no exterior no mesmo período de 2011. É o quarto ano consecutivo que Santa Catarina registra déficit nas contas externas. Para 2013 a expectativa é de que as importações passem a refletir a unificação do ICMS de 4% que incidirá sobre as importações de todos os Estados brasileiros, o que acabará com o regime de incentivos oferecido pelo governo de Santa Catarina.
O melhor desempenho entre os indicadores é a abertura de novas vagas. A indústria de transformação de Santa Catarina gerou 31.691 empregos de um total de 85.780 criados por todos os setores econômicos. Em termos absolutos, a indústria foi a atividade econômica que mais contratou no ano. Para Côrte, as contratações se justificam pela expectativa de retomada do nível de atividade e pela atual realidade do mercado de trabalho, caracterizada pela dificuldade de contratar profissionais qualificados.
Investimento deve puxar crescimento do PIB: o desempenho da indústria em 2013 deve ser superior ao desempenho de 2012, mas fica vinculado aos efeitos das políticas expansionistas adotadas pelo governo federal. Em um cenário otimista, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) em 4% para 2013 e a produção industrial em 4,1%.
O maior crescimento do PIB virá do aumento dos investimentos (7%) e do consumo das famílias (3,8%). O crescimento da produção industrial será acompanhado pelo crescimento do emprego, assim como do rendimento médio real, que seguirá alto no próximo ano, estima a CNI. Caso as medidas de estímulo não sejam eficazes, a indústria apresentará uma menor taxa de crescimento (2,3%), o que geraria uma expansão do PIB de apenas 3% e dos investimentos em 4%. O consumo das famílias não se alteraria, mas seria direcionado para produtos importados.
A indústria catarinense apresentará maior crescimento da produção em 2013. A indústria alimentar, que registrou baixo crescimento em 2012 devido a pressões de custos e retração do mercado, recompõe margens e investe em aumento de produção. A indústria metalmecânica mantem-se aquecida pelas medidas que estimulam a demanda de bens de consumo duráveis.
A produção de produtos intermediários, como os da indústria de papel e celulose, indicam aquecimento da atividade econômica nos próximos meses. Além disto, as medidas de estímulo à construção civil recentemente anunciadas pelo governo federal tendem a beneficiar os produtores da indústria de minerais não metálicos.
Os investimentos anunciados em 2012, sobretudo os relacionados ao aumento de produção da cadeia automobilística, juntamente com as medidas fiscais e creditícias, sinalizam perspectivas positivas para o desempenho econômico da indústria no próximo ano, tanto em termos de emprego quanto de produção.
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