Apenas 9% dos micro e pequenos empresários pretendem contratar crédito, mostra SPC Brasil
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(Fotos: Marcos Santos/USP Imagens)
Dos que projetam investir nos póximos três meses, a maioria planeja usar capital próprio (66,3%) e o restante (27,4%) vai recorrer a empréstimos
O ano de 2015 definitivamente demonstrou uma baixa disposição dos micro e pequenos empresários (MPEs) em contratar crédito para seus empreendimentos, refletindo o cenário econômico adverso no Brasil. Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que apenas 9,4% desses empresários têm a intenção de procurar crédito pelos próximos três meses. O indicador mensal registrou em dezembro apenas 13,14 e ficou praticamente estável na comparação com o mês anterior, quando registrou 13,47 pontos.
O resultado é considerado baixo, visto que a escala do indicador varia de zero a 100.Quanto mais próximo de 100, maior é a probabilidade de os empresários procurarem crédito.
Na avaliação do presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a economia brasileira não inspira a confiança necessária para que os empresários assumam compromissos de longo prazo, principalmente em um momento em que os brasileiros estão diminuindo o consumo de bens e serviços. "Os problemas que compõem o complicado cenário econômico atual contribuem para aumentar as incertezas em relação ao futuro da economia e dos negócios", diz Honório.
O ambiente de recessão e juros em alta não é, contudo, a única explicação para a baixa demanda por crédito. Entre os empresários que não pretendem contratar, mais da metade (51,6%) dizem que conseguem manter o negócio com recursos próprios, e 25,5% alegam que no momento não estão pensando em fazer investimentos na empresa.
Para aqueles que pretendem tomar crédito nos próximos meses, o microcrédito aparece como a principal modalidade a ser contratada, sendo mencionada por 47,4% dos entrevistados, seguida pelo cartão de crédito empresarial (19,7%). De acordo com o SPC Brasil, o crédito destina-se, principalmente, para capital de giro (46,1%), compra de estoques ou insumos (30,3%) e para a reforma da empresa (25%).
70% dos MPEs não pretendem investir
O Indicador de Investimentos MPE também registrou um baixo patamar, o que demonstra que a recessão econômica também está afetando os planos de expansão dos micro e pequenos empresários. Na comparação entre novembro e dezembro, o indicador caiu de de 27,18 pontos para 25,16 pontos, sendo que quanto mais próximo de 100, maior é a propensão ao investimento.
Cerca de 70,0% desses empresários não pretendem investir nos próximos 90 dias. "O número reflete a desconfiança com o cenário econômico. As projeções para 2016 apontam para mais um ano de queda do PIB, que pode chegar a 3%. Diante desse quadro, o incentivo para expandir os negócios ou realizar melhorias é menor", explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
O principal investimento a ser realizado pelos entrevistados que pretendem investir é a reforma da empresa, mencionada por 40,6%. Também aparecem com destaque a aquisição de equipamentos e maquinário (33,7%), mídia e propaganda (26,9%) e a ampliação dos estoques (25,7%). Entre eles, a maioria pretende usar capital próprio (66,3%) e outros 27,4% pretendem recorrer a empréstimos em bancos e financeiras.
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