Agricultura familiar é um dos focos da Conferência de Saúde Ambiental

A melhoria da agricultura familiar é um dos temas em destaque na 1ª Conferência Estadual de Saúde Ambiental (CESA) de Santa Catarina, iniciada ontem (13), no Centro Multiuso de São José, município da Região Metropolitana de Florianópolis. Entre os diversos assuntos que serão discutidos na 1ª CESA até amanhã (14) estão as estratégias que o poder público deve adotar para fortalecer a produção familiar no campo e reduzir a saída permanente de jovens do meio rural.

 

"Os relatos de alguns representantes que participam da Conferência indicam que faixa etária do pequeno agricultor no estado é de aproximadamente 50 anos. Isso significa que é intenso o deslocamento de jovens para os centros urbanos, onde a maioria se estabelece", afirma a Diretora Geral da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina e Presidente da 1ª CESA, Carmen Emília Bonfá Zanotto.

 

De acordo com Zanotto, a ausência da população jovem no campo, além de comprometer o futuro da agricultura familiar, representa menos produção de alimentos orgânicos e comprometimento financeiro para pequenos agricultores.

 

Para mudar esse cenário, os municípios catarinenses apostam em ações como a garantia de acesso a financiamentos desburocratizados e inclusão de temas relativos à produção orgânica na grade do ensino formal. "Precisamos definir como o Poder Público pode incentivar a agriculta familiar e a permanência do homem do campo no meio rural", diz Zanotto.

 

Políticas - A 1ª CESA de Santa Catarina foi organizada pelas secretarias de Estado da Saúde, do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico Sustentável. Durante a Conferência serão tratados os problemas ambientais dos municípios catarinenses, bem como propostas de políticas públicas que gerem ações que reduzam a degradação do meio ambiente e
promovam a qualidade de vida da população. Entre os diversos temas colocados na pauta estão a vigilância da qualidade do ar, da água, do solo, de campos eletromagnéticos, além de desastres naturais, como enchentes e deslizamento de terra.

 

As propostas aprovadas na etapa catarinense serão levadas à plenária da 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental (CNSA), entre 9 e 12 de dezembro, em Brasília. Com o tema "A saúde ambiental na cidade, no campo e na floresta: construindo cidadania, qualidade de vida e territórios sustentáveis" e o lema "Saúde e ambiente: vamos cuidar da gente!", a
Conferência é resultado da parceria entre os ministérios da Saúde, Meio Ambiente e Cidades, estados, municípios, movimentos sociais, organizações não governamentais e sociedade civil. O objetivo é definir diretrizes para políticas públicas integradas na área da saúde ambiental.

 

De acordo com a comissão organizadora, a Conferência em Santa Catarina conta com a participação de 600 delegados, dos quais mais de 50% ligados a movimentos sociais, organizações não governamentais, trabalhadores, entre outros representantes da sociedade. Os delegados foram eleitos durante as conferências municipais de Saúde Ambiental, que mobilizou aproximadamente 10 mil pessoas nos 273 municípios do Estado. Também participam da 1ª CESA 60 convidados que representam órgãos como o Ministério Público.

 

Duas palestras abriram as atividades. A primeira foi proferida pelo professor Hermano Castro, da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e teve como tema a "Saúde, ambiente e trabalho: processos produtivos nos territórios". Durante a apresentação, Castro expôs os problemas enfrentados no mundo produtivo e a penalização ao qual o trabalhador é submetido. Um dos exemplos é o de pessoas que cortam e colhem cana, que podem morrer por exaustão. Isso porque é muito grande a quantidade de cana que o trabalhador deve colher, chegando à média de 12 toneladas por dia.

 

A segunda palestra abordou a "Saúde, ambiente e governança", do professor Daniel José da Silva, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Para ele, "a saúde ambiental estabelece uma nova relação, que é a saúde dos homens e a saúde da natureza", o que valoriza e exige novas atitudes em relação ao meio ambiente, como a consolidação de políticas públicas que assegurem a proteção dos recursos naturais.