'O que mais tem incomodado os industriais é o desemprego', diz presidente da Fiesc
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(Fotos: Bianca Backes)
Em entrevista à Agência Adjori de Jornalismo, Glauco Côrte fala das perdas, da conjuntura política e sobre as perspectivas da economia para o ano que vem
Na última terça-feira (8), o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte, apresentou os números do setor neste ano. Além das quedas na produção, nas vendas e nas exportações, o setor demitiu cerca de 15 mil pessoas em Santa Catarina, no decorrer de 2015. No Brasil, foram fechados quase 1,5 milhão de postos de trabalho nos últimos 12 meses. Em entrevista à Agência Adjori de Jornalismo, Côrte fala das perdas, da conjuntura política - ele afirma que há um consenso, no meio industrial, sobre a saída de Dilma Rousseff da presidência - e sobre as perspectivas da economia para o ano que vem.
Agência Adjori de Jornalismo - Dois mil e quinze foi um ano difícil para a economia. Qual foi a pior perda para a indústria?
Glauco José Côrte - Estou certo de que o fator que mais tem incomodado e gerado inquietude entre os industriais é o crescimento do nível de desemprego. Santa Catarina sempre teve uma posição de destaque no cenário nacional. No ano passado, a indústria de transformação liderou a geração de empregos no país e, neste ano, no período de janeiro a outubro, nós fechamos 12 mil vagas de trabalho na indústria de transformação e 2,5 mil na indústria de construção civil. Isto é totalmente indesejável, e certamente causa uma grande preocupação no setor empresarial.
Adjori - Traduzindo, estes "números negativos" apresentados pela Fiesc significam demissões...
Côrte - Sim. No primeiro trimestre do ano nós chegamos a criar 17 mil novos postos de trabalho na indústria de transformação. Agora fechamos 12 mil. Estamos falando de uma perda muito acentuada de empregos, e isso causa, também, uma preocupação social. O país, nos últimos 12 meses, fechou quase 1,5 milhão de postos de trabalho.
Adjori - A Indústria tem um posicionamento quanto ao impeachment da presidente Dilma Rousseff?
Côrte - Há um consenso no sentido de que o atual governo não tem mais condições de conduzir o país. Aliás, como já aconteceu em 2014. O governo sempre teve muita dificuldade de governança e, certamente, esta dificuldade se acentuou durante todo o ano de 2015. Diante da paralisia do governo, provavelmente o caminho seja mudar o governo.
Adjori - Nós falamos, até agora, de aspectos negativos da economia. Mas sabemos que a Fiesc trabalha com uma agenda positiva. Quais são os investimentos previstos para o ano que vem?
Côrte - Nós estamos em fase de conclusão do Programa de Desenvolvimento da Indústria Catarinense - foram selecionados 16 segmentos industriais considerados portadores de futuro - para visualizar as potencialidades de SC. Criamos a Agência de Atração de Investimentos, em parceria com o governo do Estado, para produzir aqui o que hoje estamos importando. Estamos investindo R$ 300 milhões em sete institutos de tecnologia e quatro institutos de inovação. Queremos elevar o nível de escolaridade do nosso trabalhador. Na infraestrutura, estamos avançando os nossos estudos.
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