Reivindicações abrangem estabilidade contratual e mudanças na legislação do transporte rodoviário de cargas

Na próxima quinta-feira (4), um grupo de caminhoneiros planeja realizar uma paralisação nacional com reivindicações que abrangem estabilidade contratual e mudanças na legislação do transporte rodoviário de cargas. Contudo, as principais entidades que representam a categoria no país afirmam desconhecer ou não apoiar o movimento.

Motivações do movimento e principais reivindicações
O grupo organizador protocolou um ofício na Presidência da República na terça-feira (2), no qual solicita condições mais claras e estáveis na contratação dos caminhoneiros, com critérios transparentes para aceitar ou recusar cargas. Além disso, pedem uma reestruturação no marco regulatório do transporte de cargas para que a legislação reflita as atuais exigências do setor.

Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro e líder da iniciativa, disse que o movimento é formado por “guerreiros” que buscam seus direitos, mas destacou a importância de respeitar as leis, evitando impedir o livre trânsito da população.

Desdobramentos políticos ampliam o contexto da mobilização
Outro participante de destaque foi o desembargador aposentado Sebastião Coelho, que em declarações recentes chamou para paralisação também em defesa da liberdade do ex-presidente Jair Bolsonaro e de manifestantes ligados ao evento de 8 de janeiro. Segundo Coelho, essa seria uma forma de reação contra o “afundamento” do país e a prisão de figuras militares, episódio que ele entende ter sido tratado de forma injusta.

Posicionamento das entidades oficiais do setor
Diversas organizações representativas da categoria se posicionaram negando envolvimento ou apoio à paralisação.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL) repudiou o uso indevido da entidade em mensagens que circulam nas redes sociais e ressaltou que não compactua com manifestações que tenham caráter político-manipulativo.

A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que reúne federações e sindicatos em todo o Brasil, afirmou desconhecer qualquer deliberação interna sobre uma greve ou paralisação e destacou que não recebeu comunicação oficial sobre o movimento.

No estado de São Paulo, a Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Cargas em Geral (Fetrabens) também negou participação ou apoio e pontuou que eventuais manifestações são individuais e espontâneas, especialmente com motivações ligadas à situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Possíveis impactos se a greve for grande

Caso a paralisação ocorra em escala relevante — algo que algumas lideranças já avisam que “pode pesar” — as consequências podem ser amplas:

- Riscos de desabastecimento de combustíveis e alimentos, já que o transporte de carga ficaria comprometido, como ocorreu na greve de 2018.
- Prejuízos à cadeia logística nacional: o transporte de mercadorias deve atrasar ou ser interrompido, podendo afetar comércio, indústria, agricultura e abastecimento de insumos.
- Pressão sobre preços: com menor oferta e mais dificuldades de transporte, é provável que o custo de alguns produtos — especialmente os sensíveis à logística — aumente no curto prazo.

Santa Catarina

Em Santa Catarina entidades locais do transporte negam que exista uma paralisação oficial e dizem que não há confirmação de adesão maciça na categoria no estado. Isso indica que a greve, se ocorrer, tende a ser descentralizada e com adesão imprevisível.

Concessionárias e órgãos de rodovias (Arteris Litoral Sul, PRF etc.) estão monitorando trechos e publicando atualizações de tráfego — não há, até o momento, confirmação de bloqueios massivos permanentes em torno de Joinville e região, mas há relatos e postagens em redes sociais sobre pontos eventuais. 

 

 

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