-
Governo do Brasil lança Marco de Sistemas Alimentares e Clima para as Políticas Públicas (Fotos: Agência Gov | Via Secom/PR)
Brasil lança diretriz para integrar políticas de alimentação e clima visando sistemas sustentáveis e equitativos.
O Governo do Brasil oficializou durante a COP 30 o Marco de Sistemas Alimentares e Clima para Políticas Públicas, documento estratégico que visa orientar e integrar ações governamentais em todos os níveis para garantir uma transição justa e sustentável dos sistemas alimentares diante dos desafios climáticos.
Integração
O novo Marco, lançado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), representa uma tentativa inédita de conectar a produção de alimentos às questões ambientais, sociais e econômicas do país. Wellington Dias, ministro do MDS, destacou em seu discurso que “quem mais sente o impacto do clima são aqueles em situação de vulnerabilidade”, reforçando a necessidade de ações integradas contra a fome, a pobreza e as mudanças climáticas.
Este alinhamento tem como objetivo principal reduzir os impactos negativos da produção de alimentos no meio ambiente — como o uso intensivo de recursos hídricos — e transformar sistemas alimentares que hoje contribuem para a degradação ambiental. Durante a apresentação, Dias afirmou que o Marco foi elaborado em colaboração entre governos e sociedade civil, propondo caminhos para regenerar, adaptar e transformar esses sistemas frente aos desafios atuais e futuros.
Princípios fundamentais
O documento fundamenta-se em princípios que incluem o Direito Humano à Alimentação Adequada, soberania alimentar, justiça climática e sustentabilidade multidimensional. Além disso, enfatiza a importância da cooperação entre os diferentes níveis governamentais e o envolvimento da sociedade civil nas políticas públicas.
Leia também: FIESC lança site que facilita doações de indústrias a instituições sociais de SC
Lilian Rahal, secretária Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, explica que o Marco representa “um compromisso político e institucional do Estado brasileiro” e convida à reflexão e mobilização coletiva em torno de realidades locais, respeitando as particularidades de cada território. Recentemente, o MDS vem redesenhando políticas públicas para a segurança alimentar, com programas que fortalecem o acesso à água, a agricultura urbana e a alimentação saudável em mais de 100 cidades.
Desafios
Apesar do Brasil ter sido retirado do Mapa da Fome pela ONU em julho de 2025, o país enfrenta hoje um novo obstáculo: a crise climática. A instabilidade do clima afeta diretamente a capacidade dos sistemas alimentares de produzir e distribuir alimentos adequadamente, especialmente prejudicando populações vulneráveis.
O marco propõe que a forma como alimentos são produzidos, consumidos e desperdiçados tem impacto direto nas mudanças climáticas e, reciprocamente, a degradação ambiental afeta a produção alimentar.
Transformação dos Sistemas Alimentares
Baseado em evidências científicas sobre o impacto da mudança do clima, o documento delineia ações estratégicas para um sistema alimentar sustentável e justo. Entre elas:
- Transição para modos de produção agroecológicos, com foco em práticas sustentáveis e regenerativas;
- Fortalecimento da agricultura familiar e economia solidária, valorizando saberes locais e tradicionais;
- Garantia de segurança hídrica para produção e consumo, fundamental para a resiliência agrícola;
- Valorização da sociobiodiversidade e cadeias produtivas locais;
- Abastecimento alimentar concebido como política de Estado, ampliando a responsabilização pública;
- Estímulo a cidades resilientes capazes de promover alimentação saudável;
- Redução das perdas e desperdício de alimentos;
Investimento em ciência, tecnologia e inovação voltados para a sustentabilidade dos sistemas alimentares.
Articulação e Participação no Lançamento
Além do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, participaram do lançamento representantes do Ministério do Meio Ambiente, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), do Instituto Clima e Sociedade e da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), reforçando a importância do diálogo entre setores para o êxito do Marco.
Leia também: Trump retira tarifa de 40% sobre produtos do Brasil como café e carne
Essa iniciativa abre espaço para um debate necessário sobre a interdependência entre alimentação e mudanças climáticas no Brasil, trazendo à tona a urgência de políticas públicas coerentes que promovam justiça social e ambiental. Resta saber como as propostas serão implementadas e cobradas nos diferentes níveis de governo, e, principalmente, quais resultados concretos trarão para a população mais vulnerável.
Tags
- brasil
- Climáticas
- economia
- Geral
- meio ambiente
- mudança
- Mudanças Climáticas
- políticas de alimentação
- Sistemas Alimentares
Deixe seu comentário