Abiove projeta produção de 177,7 milhões de toneladas, mantendo o país como maior produtor e exportador mundial

A safra de soja do Brasil para 2026 foi estimada em 177,7 milhões de toneladas, uma redução de 800 mil toneladas em relação à previsão de outubro, segundo o levantamento mensal da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). Mesmo com o recuo, o país deve manter o título de maior produtor e exportador mundial da oleaginosa, superando o volume colhido em 2025.

Redução da projeção pode estar ligada ao clima

A Abiove não detalhou se o ajuste na projeção está relacionado ao ritmo do plantio, que foi mais lento devido a chuvas irregulares em várias regiões do Brasil. Segundo a consultoria AgRural, até a quinta-feira da semana passada, pouco mais de 70% do plantio havia sido realizado, o que pode influenciar o crescimento inicial da safra.

A associação informou que a estimativa menor reflete a mediana dos números fornecidos por seus associados, incluindo tradings e processadoras, e que “é provável que” o clima tenha impacto nesse início da safra.

Safra colhida em 2025 e estoques finais

Enquanto ajusta a projeção para 2026, a Abiove revisou para cima a safra brasileira colhida mais cedo em 2025, passando de 171,8 milhões para 172,1 milhões de toneladas. Já os estoques finais de soja do Brasil em 2026 devem se manter estáveis em cerca de 10,55 milhões de toneladas, equilibrando o aumento da safra antiga com a redução na nova.

Exportações e processamento seguem em alta

A projeção de exportação de soja brasileira em 2026 foi estimada em 111 milhões de toneladas, superando os 109 milhões de toneladas de 2025, enquanto o processamento de soja deve atingir 60,5 milhões de toneladas, um aumento de 3,4% em relação ao ano anterior.

O óleo e o farelo de soja terão produção estável, com destaque para a exportação de óleo vegetal, que deve alcançar 1,2 milhão de toneladas, ligeiramente abaixo do recorde de 1,35 milhão registrado em 2025.

Receita com exportações deve crescer

A Abiove projeta que a receita com exportações do complexo soja (soja em grão, farelo e óleo) deve chegar a US$ 60,25 bilhões em 2026, um aumento considerável frente aos US$ 55,26 bilhões estimados anteriormente. O preço médio da soja foi ajustado para US$ 450 por tonelada, refletindo a valorização no mercado internacional.

A soja em grão representa a maior parte da receita, com quase US$ 50 bilhões previstos para o próximo ano.

Mercado reage à demanda internacional

Desde a última estimativa da Abiove, os preços da soja subiram mais de 10% na bolsa de futuros de Chicago, impulsionados pelas compras norte-americanas pela China. A chinesa Cofco adquiriu pelo menos 14 cargas de soja dos EUA, fortalecendo a expectativa de aumento nos preços e mantendo o Brasil competitivo no mercado global.

Apesar do leve recuo na projeção, a safra de soja do Brasil segue histórica e garante a posição do país como líder mundial. Exportações, processamento e receitas continuam em alta, enquanto o mercado acompanha de perto as condições climáticas nas regiões produtoras.

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