Relatório da FGV mostra que setores como carne e café compensam queda nas vendas aos EUA com aumento para Ásia e América do Sul

O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros vem alterando significativamente a estrutura da pauta de exportações do país. Segundo o relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta terça-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), as restrições impostas por Washington levaram as empresas brasileiras a redirecionar suas vendas para outros mercados.

De acordo com o estudo, produtos como carne e café continuam sendo os principais responsáveis por equilibrar a balança comercial. Mesmo com a redução das exportações para os EUA, esses segmentos registraram crescimento em países da Ásia, América do Sul e Europa. Em setembro, o relatório também destacou aumento nas vendas de madeira e fumo, que compensaram parcialmente as perdas no mercado norte-americano.

Brasil busca novos destinos e mantém superávit

Os dados mostram que, em setembro de 2025, as exportações brasileiras aumentaram 7,2% em valor e 9,6% em volume, em relação ao mesmo mês de 2024. Já as importações cresceram 17,7% em valor e 16,2% em volume, refletindo o aumento da demanda interna.

No acumulado de janeiro a setembro, o volume exportado subiu 3,5%, enquanto as importações cresceram 9,4%. Mesmo com o impacto do tarifaço, o país manteve um superávit de US$ 3 bilhões em setembro e de US$ 45,5 bilhões no acumulado do ano — embora US$ 13,2 bilhões abaixo do mesmo período de 2024.

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China e Argentina ganham destaque nas exportações brasileiras

O relatório da FGV aponta que o volume exportado para China, Argentina e União Europeia respondeu por 40% de todas as exportações brasileiras em setembro. As vendas para a China cresceram 15% no mês e 5,8% no acumulado do ano, enquanto para a Argentina o avanço foi de 22% em setembro e 48,9% desde janeiro, impulsionado principalmente pelo setor automotivo.

Por outro lado, os Estados Unidos, que representaram 8,4% das exportações brasileiras em setembro, tiveram queda de 19,1% no volume mensal e de 0,8% no acumulado até setembro. A FGV observa que o crescimento das remessas para outros países da Ásia e da América Latina tem compensado as perdas no mercado norte-americano.

Negociações e desafios para o Brasil

O relatório do Icomex alerta que os efeitos do tarifaço ainda estão em fase de transição e podem mudar conforme o desfecho das negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos. O documento ressalta que, pela assimetria entre as economias, o maior desafio recai sobre o Brasil, que precisa equilibrar concessões e benefícios para preservar sua competitividade global.


 

 

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