O levantamento também apontou maior cautela dos consumidores em relação às despesas do dia a dia

A intenção de consumo das famílias catarinenses atingiu o menor nível em mais de dois anos. Pesquisa realizada pela Fecomércio SC, em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC), aponta que o indicador registrou queda pelo quarto mês consecutivo em setembro, chegando a 102,1 pontos. Em junho de 2023, o índice estava em 100,4 pontos.
Apesar do recuo de 1,5% em setembro, o indicador em Santa Catarina permanece levemente acima da média nacional, que ficou em 101,6 pontos — também o menor valor dos últimos dois anos. Segundo o presidente da Fecomércio SC, Hélio Dagnoni, o resultado é explicado por um fator principal: os juros altos. Atualmente, a taxa Selic está em 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas.
“A pesquisa indicou uma queda generalizada nos componentes do consumo, entre eles o recuo na compra de bens duráveis (-1,8%) e na perspectiva profissional (também -1,8%). Esse resultado reflete a nossa realidade de juros elevados e preços ainda pressionados, pois a inflação segue acima da meta do Banco Central. Tudo isso reduz a disposição das famílias em assumir compromissos de maior valor e corrói a percepção sobre a renda”, explica Dagnoni.
O levantamento também apontou maior cautela dos consumidores em relação às despesas do dia a dia. O indicador Condições de Consumo caiu 2,5% e permanece mais de 10 pontos percentuais abaixo do registrado antes da pandemia de Covid-19.
Diferença entre as faixas de renda
A pesquisa revelou uma disparidade significativa entre as famílias que recebem até 10 salários mínimos e aquelas com renda superior a esse valor. Entre as de menor renda, o índice geral ficou em 97,6 pontos, com queda de 2,2 pontos percentuais. Já entre as famílias com renda mais alta, houve um leve aumento, passando de 117,9 para 118,6 pontos.
A percepção sobre o acesso ao crédito também apresentou leve piora em relação a agosto: a proporção dos que consideram o crédito mais acessível caiu de 27,7% para 26,8%. Ao mesmo tempo, aumentou ligeiramente a parcela dos que percebem maior dificuldade (de 28,5% para 28,6%) e daqueles que avaliam as condições como semelhantes às do ano anterior (de 26,5% para 27,0%). O cenário indica estabilidade, com viés de restrição no acesso ao crédito.

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