Governo federal autorizou a entrada do produto no país, e bananicultores catarinenses alertam para risco fitossanitário e queda nos preços.

A decisão do governo federal, anunciada em agosto de 2025, de autorizar a importação de bananas do Equador acendeu um alerta entre os produtores de Santa Catarina, estado que responde por quase metade da exportação nacional da fruta. Agricultores locais temem queda nos preços e ameaças fitossanitárias que podem comprometer a produção.

Como foi a decisão

Em 18 de agosto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu em Brasília o presidente do Equador, Daniel Noboa. No encontro, Lula afirmou que o Brasil está comprometido em promover um comércio mais equilibrado com o país vizinho e reduzir barreiras aos produtos equatorianos.

Segundo o governo, a liberação começará com a entrada de bananas desidratadas, seguida da análise de risco para a importação de bananas frescas até o fim do ano.

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O peso da banana para Santa Catarina

No primeiro semestre de 2025, o Brasil exportou 43,8 mil toneladas da fruta, movimentando R$ 85 milhões.

Santa Catarina foi responsável por 21,8 mil toneladas, quase 50% do total nacional, gerando R$ 39,2 milhões em receita.

A produção no estado é marcada pela agricultura familiar, com pequenas propriedades que têm a banana como principal fonte de renda.

Preocupação com pragas e preços

Para os bananicultores catarinenses, o risco vai além da concorrência. Jorge Marangoni, produtor de São João do Itaperiú e presidente da federação catarinense, alerta para a possível introdução de doenças como o Banana Bract Mosaic Virus (BBrMV) e o Fusarium TR4 (Mal do Panamá), pragas ainda não presentes no Brasil.

“Lá no Equador eles têm muito mais pragas e doenças que nós não temos aqui. Isso é um risco grande, não só para a economia, mas para a segurança alimentar”, disse.

Outro ponto citado é a possível desvalorização da produção local, já que o aumento da oferta pode pressionar o preço da banana brasileira, que já enfrenta margens apertadas.

Mobilização política em SC

Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) aprovou em 26 de agosto uma moção de repúdio contra a medida.

Câmara de Vereadores de Guaramirim também aprovou uma moção no dia 2 de setembro, destacando a “concorrência desleal” com os produtores locais.

As manifestações serão enviadas ao presidente da República, ao ministro da Agricultura, ao Congresso Nacional e ao Fórum Parlamentar Catarinense.

O deputado estadual Antídio Lunelli (MDB) afirmou não haver justificativa econômica para importar banana, já que o Brasil é autossuficiente na produção.

Produtores pedem diálogo com o governo

Representantes do setor buscam uma reunião com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para tentar reverter a decisão. “Estamos otimistas que vamos conseguir”, afirmou Marangoni.

Enquanto isso, a apreensão cresce entre famílias agricultoras que dependem da banana para subsistência. Para elas, a liberação pode significar não apenas perda de renda, mas também ameaça à segurança sanitária da produção.