Confira artigo do presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar

O tarifaço americano, previsto para vigorar a partir de 1º de agosto, já suspendeu embarques de produtos catarinenses e poderá ter impacto devastador para diversos setores da nossa indústria, que tem nos EUA seu principal destino de exportações. Mais alarmante, contudo, é a aparente inação e falta de prioridade dada ao tema pelo governo federal, que ignorou as sinalizações prévias à aplicação da medida, e agora parece mais focado em seus ganhos de popularidade de curto prazo.

O mercado norte-americano não é um detalhe para Santa Catarina. É a espinha dorsal de muitas de nossas indústrias, que investiram anos na construção de relações comerciais sólidas. Redirecionar, no curto prazo, nossa produção para outros mercados é uma ilusão. O processo é complexo e demorado.

A garra para superar adversidades é marca registrada do industrial catarinense, acostumado a enfrentar crises de todos os tipos. No entanto, esta resiliência está sendo testada ao limite por uma sequência de "surpresas negativas", tanto na condução das políticas fiscal e econômica internas, quanto, agora, neste cenário internacional que demanda pragmatismo e agilidade. Em vez de diálogo com a maior potência do planeta, o que vemos são manifestações provocativas desnecessárias, além de um alinhamento gratuito a regimes totalitários. Tudo isso mina a confiança do empresário, compromete investimentos e coloca em risco milhares de empregos.

Não é hora de populismo, mas de realismo. Não é hora de discursos ufanistas, mas de ações concretas e coordenadas. Esta grave ameaça exige união de forças. Empresários brasileiros devem intensificar as negociações com seus pares nos Estados Unidos. Congressistas precisam estabelecer interlocução efetiva com parlamentares americanos, despolitizando o debate e focando nos interesses mútuos de comércio e desenvolvimento.

Mas, acima de tudo, a diplomacia brasileira tem o dever inadiável de atuar com absoluta objetividade, colocando os interesses do Brasil e dos brasileiros em primeiro lugar. As conversas já deveriam estar avançadas, buscando estender o prazo para o início das tarifas, permitindo que a negociação real aconteça e que nossas empresas tenham tempo para se reorganizar. Pelos riscos envolvidos, a história não tolerará erros de posicionamento neste momento. Muito acima de quaisquer cálculos ou ambições ligadas à eleição de 2026, é nossa responsabilidade agir agora para proteger o futuro que arduamente construímos.