
Incerteza econômica leva à queda da intenção de consumo

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Famílias de maior renda foram as mais afetadas, assim como o público masculino (Fotos: Agência Brasil)
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) cai pelo sétimo mês seguido na comparação anual, puxada pelos juros e inflação altos. Famílias de maior renda foram as mais afetadas, assim como o público masculino
A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) continuou seu processo de queda (-0,4%) em abril, pelo terceiro mês consecutivo, descontados os efeitos sazonais. Além disso, pelo sétimo mês, houve redução da intenção na análise anual, sendo novamente a mais intensa do período.
Mesmo com essas quedas, o indicador se mantém acima do nível de satisfação (101,4 pontos sem ajuste sazonal e 101,6 pontos com ajuste)
A maioria dos componentes revelou movimento de baixa na comparação com abril do ano passado, assim
como em março. A única exceção foi o Nível de Consumo Atual – ICF, que apresentou estabilidade, enquanto a percepção do momento para compra de bens duráveis obteve a maior retração (-7,2%).
O Acesso ao Crédito – ICF também recuou (-1,0%), mostrando a influência da Selic no consumo.
Apesar dos indicadores abaixo do apresentado em 2024, na comparação mensal houve avanço na maioria dos itens. O Acesso ao Crédito – ICF foi o que demonstrou maior avanço (+0,6%), seguindo a tendência dos meses anteriores.
Apesar da alta do endividamento, os consumidores estão conseguindo manter a inadimplência sob
controle, como observado na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência divulgada mensalmente pela
Confederação Nacional do Comercio (CNC), dando maior liquidez ao mercado de crédito.
O destaque negativo nesse comparativo ficou por conta da Renda Atual – ICF (-1,8%), sendo impactada pelo nível de preços mais alto.
O Emprego Atual – ICF voltou a ter crescimento mensal (+0,3%), no entanto na análise anual continua em retração. Em relação aos próximos meses, a Perspectiva Profissional – ICF evoluiu pelo sétimo mês, contudo com a menor taxa do período (+0,1%). Mesmo com essas taxas positivas, o indicador continua abaixo dos resultados de 2024 (-0,2%)
O mercado de trabalho atual mais favorável na comparação mensal levou a um avanço no Nível de
Consumo Atual – ICF (+0,4%), já em relação a abril do ano passado houve estabilidade. Para os próximos meses, a tendência positiva mensal da Perspectiva Profissional – ICF não foi suficiente para elevar a Perspectiva de Consumo – ICF, que recuou pelo quarto mês nessa comparação (-0,8%). Frente a abril de 2024, a queda foi ainda mais intensa (-3,4%).
Os dados deste mês revelaram a incerteza existente na economia de médio e longo prazo, com a Selic ainda alta e com um novo aumento esperado. O comércio deve permanecer com passos curtos este ano, tendo um resultado parecido ou até menor do que o apresentado em 2024.
FAMÍLIAS DE MAIOR RENDA APRESENTAM MAIS DESAFIOS NO CONSUMO
A intenção de consumir em abril teve retração em ambas as faixas de renda analisadas e ambas as comparações. Porém, as famílias com renda acima de 10 salários mínimos apresentaram quedas mais intensas. Ainda assim, mantendo um indicador maior e otimista.
Em relação ao mercado de trabalho, a Perspectiva Profissional – ICF em queda observada no indicador geral (-0,2%) foi influenciada pela retração de 2,0% nas famílias com maior poder aquisitivo, sendo que, para o grupo com renda abaixo de 10 salários, houve aumento de 0,3% neste item, na comparação com abril do ano passado. Também houve direção discrepante entre os grupos na percepção do Nível de Consumo Atual – ICF, novamente com queda (-0,7%) para as famílias com rendimentos acima de 10 salários.
O Acesso ao Crédito – ICF e Momento para Compra de Duráveis – ICF apresentaram taxas negativas nos dois grupos na análise anual; contudo, frente a março de 2025, as famílias com menos de 10 salários apresentaram crescimento nesse indicador, mostrando estarem sendo mais favorecidas pelo mercado de crédito.
HOMENS REVELAM MAIOR QUEDA DA INTENÇÃO DE CONSUMO
A análise anual por gênero revelou queda em ambas as intenções de consumo. Porém, de forma mais expressiva entre os homens, com uma redução de 2,3%, em contraste com a das mulheres, que obteve recuo de 0,8% em relação a abril de 2024.
No que tange ao Acesso ao Crédito – ICF, o público masculino apresentou queda de 2,2%, enquanto as mulheres aumentaram 0,8%, sendo menos atingidas pela seletividade do mercado de crédito. Eles também perceberam queda do mercado de trabalho em relação a 2024. Enquanto a Perspectiva Profissional – ICF demonstrou retração de 1,2% para os homens, houve alta de 1,3% para o público feminino.
Mesmo com essa percepção positiva, as mulheres demonstraram redução de 2,4% na Perspectiva de Consumo – ICF, enquanto os homens experimentaram queda de 3,9% no indicador.
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