Edição mais recente da Sondagem Industrial também mostra que os estoques permanecem em nível inferior ao planejado pelo setor, o que indica que a demanda continua aquecida

Empresários apontam que a produção e o número de empregados na indústria cresceram em agosto, de acordo com a Sondagem Industrial, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta quarta-feira (18). Este é o segundo mês consecutivo em que esses dois indicadores registraram desempenho positivo.

Na passagem de julho para agosto, o índice de evolução da produção industrial atingiu 52,2 pontos. Já o índice de evolução do número de empregados no setor alcançou 50,7 pontos. Para o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, a manutenção desses indicadores em patamar superior aos 50 pontos reflete que a demanda por bens industriais segue forte.

“A Sondagem Industrial de agosto mostra, pelo segundo mês consecutivo, um aumento da atividade industrial. A produção e o número de empregados estão reagindo a um aumento da demanda por bens industriais”, avalia o economista.

De acordo com o levantamento, as médias e grandes empresas foram as responsáveis por puxar o crescimento da produção e do emprego no setor em agosto, ao passo em que as pequenas indústrias registraram desempenho negativo em ambos os indicadores. A atividade produtiva cresceu em todas as regiões, enquanto o número de empregados diminuiu apenas no Norte e no Sudeste.


Nível dos estoques retrata cenário positivo
O índice de evolução do nível de estoques da indústria registrou 49,6 pontos. Por estar abaixo da linha divisória de 50 pontos, o indicador denota que o volume de estoques do setor caiu na passagem de julho para agosto, embora esse recuo tenha sido menor do que nos três meses anteriores. Segundo Marcelo Azevedo, esse movimento é mais um sinal que aponta para o crescimento da procura por bens industriais.

“Essa contínua queda dos estoques que a gente vem observando nos últimos meses reflete aumento da demanda. Mesmo com o aumento da produção, continua havendo queda dos estoques para abaixo do nível planejado pelos empresários industriais”, destaca Marcelo Azevedo.

A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) cresceu um ponto percentual e chegou aos 72%. Com isso, a UCI ultrapassou a média da série histórica para o mês, o que já havia ocorrido, este ano, em janeiro, abril, maio, junho e julho. Pequenas, médias e grandes indústrias apresentaram alta na UCI. Entre as regiões, o indicador avançou no Sudeste, Norte e Nordeste; manteve-se estável no Sul e caiu no Centro-Oeste.

Industriais estão menos otimistas
Em setembro, o índice de expectativa de demanda caiu 0,6 ponto frente a agosto, atingindo 57,7 pontos. O indicador diminuiu entre as empresas de todos os portes e nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste – aumentou apenas no Centro-Oeste e no Norte. No entanto, como o índice permanece acima da linha divisória de 50 pontos em todos os recortes analisados pela pesquisa, pode-se afirmar que os empresários continuam otimistas em relação à demanda futura, ainda que a um nível menor que o registrado em agosto.

A expectativa dos industriais para a compra de matérias-primas também caiu em setembro. O indicador recuou meio ponto, para 55,6 pontos. Entre os portes, apenas o índice de médias empresas não diminuiu. No recorte por região, a expectativa para a compra de matérias-primas cresceu no Centro-Oeste e manteve-se praticamente estável no Norte (-0,1 ponto). Nas demais regiões, baixou.

O índice de expectativa de número de empregados manteve-se praticamente estável, com queda de 0,1 ponto, chegando ao patamar de 52,7 pontos. Entre portes, o indicador subiu entre as pequenas; se manteve entre as médias; e caiu entre as grandes. No Norte e Nordeste, o otimismo por novas contrações reduziu; no Sudeste ficou praticamente estável; enquanto no Sul e no Centro-Oeste subiu.

Expectativa de quantidade exportada e intenção de investimento crescem
Único a registrar avanço na passagem de agosto para setembro (+0,8 ponto), o índice de expectativa de quantidade exportada chegou aos 52,6 pontos, tendo recuado apenas nas indústrias de médio porte e naquelas situadas no Sudeste do país. Ainda no recorte regional, apenas na região Sul o indicador está abaixo da linha divisória, o que revela expectativas pessimistas.

Já a intenção de investimento chegou aos 58,1 pontos, depois de subir 0,3 ponto. O índice está 6 pontos acima da média histórica, que é de 52,1 pontos.

Amostra
Para esta edição da Sondagem Industrial, a CNI consultou 1.566 empresas: 630 de pequeno porte; 557 de médio porte; e 379 de grande porte, entre os dias 2 e 11 de setembro de 2024.