Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC).

O cooperativismo é um movimento que se consolidou como uma das maiores forças econômicas e sociais de Santa Catarina. Surgiu em terras catarinas há mais de 130 anos e se transformou em um modelo de negócio que envolve mais de 4,7 milhões de catarinenses e movimenta R$ 91,2 bilhões por ano, tornando-se uma extraordinária força social que impulsiona o desenvolvimento em todos os setores da economia.

A vitalidade do cooperativismo barriga-verde é retumbante. O crescimento das receitas, em 2024, foi de 7%, acima, portanto da expansão do PIB (produto interno bruto) brasileiro no período (3,4%). Refletindo o bom desempenho das cooperativas, as sobras (lucros) avançaram 55,1% e chegaram a R$ 5,57 bilhões, valores que serão destinados a investimentos, fundos estatutários e rateio entre os associados. Um dos dados mais relevantes do levantamento é a expansão do número de associados (cooperados) que cresceu 9,8% no ano passado com o ingresso de mais de 419 mil pessoas no quadro associativo das cooperativas.

Com essa relevância, o cooperativismo prioriza o ingresso de jovens no sistema e a sucessão geracional. Atrair jovens para dentro do sistema não é apenas uma necessidade organizacional, mas uma questão de perpetuação e aperfeiçoamento do sistema. A participação ativa das novas gerações representa o futuro do cooperativismo diante de um mundo cada vez mais dinâmico, tecnológico e competitivo.

As cooperativas catarinenses são espaços ideais para a juventude exercer protagonismo. Ao contrário de estruturas tradicionais, o cooperativismo é, por essência, democrático, participativo e coletivo. Isso significa que jovens podem – e devem – ocupar assentos em conselhos, diretorias e lideranças comunitárias, trazendo novas ideias, energia renovada e perspectivas contemporâneas. Essa participação ativa garante a oxigenação constante do movimento, mantendo-o vivo e conectado com as demandas da sociedade.

Outro ponto fundamental é a conexão com a inovação. As novas gerações trazem consigo uma natural familiaridade com tecnologia, redes digitais e novos modelos de gestão. Essa competência, quando associada à tradição e à força das cooperativas catarinenses, tem o poder de transformar profundamente a forma de atuação do setor, tornando-o ainda mais ágil, competitivo e sintonizado com os desafios de um mercado globalizado. O jovem que entra no cooperativismo carrega não apenas entusiasmo, mas também uma visão de futuro indispensável para que nossas cooperativas permaneçam relevantes.

No campo, o desafio é ainda mais importante. Santa Catarina é um grande polo agroindustrial, um estado de base agropecuária, com forte presença da agricultura familiar e de cadeias produtivas que sustentam a economia regional, como leite, suínos, aves, maçã e fumo. Nesse contexto, a sucessão rural é um desafio à continuidade das propriedades. Muitos jovens deixam o meio rural em busca de oportunidades urbanas, mas é justamente nesse contexto que o cooperativismo desempenha papel decisivo.

Ao oferecer assistência técnica, capacitação, acesso a mercados e inclusão social, as cooperativas ajudam a mostrar que o campo pode ser um espaço de realização pessoal e profissional. Manter os jovens no meio rural significa preservar tradições, fortalecer cadeias produtivas estratégicas e impulsionar o desenvolvimento regional de forma equilibrada.
Com a presença da juventude, o cooperativismo catarinense ganha dinamismo e capacidade de renovação.

VANIR ZANATTA é Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)