Confira o artigo do Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)

 

Garantir êxito na sucessão dos estabelecimentos rurais, especialmente aqueles de pequeno e médio porte, deve prioridade para todas as organizações dedicadas a apoiar a agricultura e o agronegócio de Santa Catarina.

A sucessão nas unidades rurais é uma necessidade para perenizar a estrutura de produção que notabilizou Santa Catarina no Brasil e no mundo, razão pela qual esse assunto merece ser tratado com mais profundidade.

Várias lideranças do agro, quando abordam essa questão, emitem análises e informações superficiais e destoantes. Alguns avaliam que apenas 5% dos estabelecimentos rurais estão com o processo sucessório (de pais para filhos) assegurado. Outros afirmam que o cenário é menos dramático. Enfim, há uma bruma de desinformação sobre essa questão, geralmente tratada no âmbito das opiniões e das idiossincrasias.

A verdade é que se torna imprescindível que as 375 mil propriedades rurais inscritas no Cadastro Ambiental Rural (CAR) tenham uma sucessão exitosa.

As entidades de defesa e representação do agronegócio frequentemente, no desenvolvimento de suas atividades, levantam empiricamente informações sobre a concreta situação do processo sucessório nos estabelecimentos rurais. Isso é importante porque torna possível avaliar, conhecer, e interpretar essa questão, permitindo a formulação de políticas públicas corretamente orientadas para mitigar esse problema, bem como balizar as entidades de defesa e representação do setor sobre as ações mais adequadas e pertinentes para atender a essa complexa questão.

É essencial conhecer vários aspectos do ambiente rural e da realidade agrícola, com destaque para o capital humano que órbita esse universo. Entre os aspectos a serem estudados constam a composição familiar, idade dos seus membros, filhos presentes, formação profissional, participação de cada um nas atividades agrícolas e pecuárias, levantamento de opinião, sonhos, projetos e perspectivas individuais para o futuro. Fundamentalmente é essencial saber quem quer permanecer no campo. Enfim, compreender o ambiente psicológico que envolve a família.

Essas informações direta ou indiretamente permitem um rápido diagnóstico da propriedade rural e sua taxa de sucesso nas atividades produtivas, pois, como uma verdadeira empresa rural, deve ser eficiente, sustentável e rentável para proporcionar uma vida segura, tranquila e confortável para os familiares, caso contrário residirá aí um foco de tensão, insatisfação e fracasso para o núcleo familiar.

O capital humano e o capital econômico são impactados pelos intensivos programas de formação, qualificação e requalificação desenvolvidos pelo Sistema S (Sescoop, Senar, Sebrae), razão pela qual esse aspecto também deve ser avaliado. Os reais efeitos desses programas na rentabilização das atividades rurais e, por conseguinte, na elevação do conforto, da segurança e da qualidade de vida da família rural.

Sabe-se que os maciços investimentos na qualificação e requalificação dos produtores rurais mudaram o perfil do campo, atraindo e retendo profissionais de variada formação.

O compartilhamento de Informações, análises e conhecimento – entre cooperativas, sindicatos rurais, universidades e organismos estatais – permite proteger uma de nossas maiores riquezas, a estrutura fundiária de Santa Catarina, constituída, preponderantemente, por pequenas propriedades que obtêm sua viabilidade econômica porque atingem excelentes níveis de produtividade em várias culturas. Esse perfil – pequenos estabelecimentos dedicados à policultura – parece ser a chave do sucesso do minifúndio.