A Inteligência Artificial (IA) está desempenhando um papel crucial na criação e evolução de novos modelos de negócios. Ao transformar dados em informações acionáveis, a IA permite que as empresas inovem, ganhem eficiência e melhorem a experiência do cliente.
A IA está impulsionando novos modelos de negócios e impactando as empresas modernas de diversas maneiras, com exemplos em vários setores, incluindo o industrial, além de casos específicos no Brasil.

Economia da Experiência
A IA está possibilitando a criação de novos modelos de negócios centrados na personalização e na experiência do cliente. Com o uso de algoritmos avançados, as empresas conseguem analisar dados de comportamento e preferências dos consumidores para oferecer produtos e serviços sob medida.
Um exemplo é o setor de streaming de música e vídeo. Plataformas como Spotify e Netflix utilizam IA para recomendar conteúdos com base no histórico de visualização e nas preferências individuais dos usuários. Esse nível de personalização não só aumenta a satisfação do cliente, mas também promove maior engajamento e fidelização. Na China, o aplicativo de vídeos curtos Douyin (conhecido como TikTok fora do país) usa IA para personalizar o feed de cada usuário, analisando suas interações com o conteúdo para sugerir novos vídeos, o que contribuiu para seu enorme crescimento global.
No Brasil, a Magazine Luiza (Magalu) está utilizando IA para melhorar a experiência do cliente em suas plataformas de e-commerce. A empresa implementou assistentes virtuais que ajudam os clientes a encontrar produtos, responder perguntas frequentes e oferecer recomendações personalizadas, aumentando a eficiência e a satisfação do consumidor.

Economia Compartilhada
A economia compartilhada é outro modelo de negócios amplamente impactado pela IA. Empresas como Uber, Airbnb e Lyft utilizam IA para otimizar a correspondência entre oferta e demanda, definir preços dinâmicos e melhorar a eficiência operacional.
No caso do Uber, algoritmos de IA são usados para prever a demanda por corridas em determinadas áreas e ajustar automaticamente os preços para equilibrar a oferta de motoristas com a demanda dos passageiros. Isso não só maximiza os lucros, mas também garante um serviço mais eficiente para os usuários. A Airbnb usa IA para sugerir preços de aluguel com base em vários fatores, como localização, demanda sazonal e características do imóvel, ajudando os anfitriões a maximizar seus rendimentos. No Japão, a plataforma de compartilhamento de bicicletas Docomo Bike Share utiliza IA para prever a demanda e reposicionar bicicletas em tempo real, melhorando a disponibilidade e a satisfação do usuário.

No Brasil, a empresa 99, um dos principais concorrentes da Uber, utiliza IA para otimizar suas operações. A 99 emprega algoritmos para prever a demanda por corridas e ajustar os preços dinamicamente, além de melhorar a segurança dos passageiros e motoristas através da análise de padrões de comportamento.

Automação Inteligente
A automação inteligente, impulsionada pela IA, está redefinindo os processos de negócios em vários setores. Empresas estão utilizando IA para automatizar tarefas repetitivas e de baixo valor, permitindo que os funcionários se concentrem em atividades mais estratégicas e criativas.
Na manufatura, robôs inteligentes equipados com IA realizam montagem de produtos, inspeção de qualidade e manutenção preditiva, aumentando a produtividade e reduzindo custos operacionais. A Siemens, na Alemanha, utiliza IA para otimizar a produção em suas fábricas, reduzindo desperdícios e aumentando a eficiência. Na China, a empresa Heavy Machinery Group Co. de Tayuan, que visitou Santa Catarina recentemente, implementou IA para monitorar e prever falhas em equipamentos pesados, melhorando a manutenção e reduzindo o tempo de inatividade.
No setor industrial brasileiro, a Embraer está utilizando IA para otimizar a fabricação e a manutenção de aeronaves. A empresa emprega algoritmos de aprendizado de máquina para prever a necessidade de manutenção preventiva, garantindo a segurança e a eficiência das operações. No setor financeiro, o Bradesco utiliza assistentes virtuais baseados em IA para automatizar o atendimento ao cliente, resolver problemas comuns e liberar os atendentes humanos para questões mais complexas.

Modelos de Negócios Baseados em Dados
A IA está permitindo que as empresas desenvolvam modelos de negócios baseados em dados, onde a coleta, análise e monetização de dados se tornam o núcleo da proposta de valor. Empresas de tecnologia, como Google e Facebook, utilizam IA para analisar grandes volumes de dados de usuários e vender publicidade direcionada, gerando receitas significativas.
Além disso, startups de diversas indústrias estão utilizando IA para criar novos serviços e produtos baseados em insights de dados. Por exemplo, empresas de saúde utilizam IA para analisar dados de pacientes e desenvolver tratamentos personalizados. A Zebra Medical Vision, em Israel, usa IA para analisar imagens médicas e detectar doenças precocemente, melhorando os diagnósticos e tratamentos. Empresas de varejo, como a Amazon, utilizam análise preditiva para gerenciar estoques e otimizar cadeias de suprimentos, garantindo que os produtos certos estejam disponíveis no momento certo.
No Brasil, a startup de saúde Laura utiliza IA para monitorar pacientes em hospitais e prever possíveis complicações, ajudando a equipe médica a intervir rapidamente e melhorar os resultados dos pacientes.

IA como Serviço (AIaaS)
O modelo de Inteligência Artificial como Serviço (AIaaS) está emergindo como uma nova tendência no mundo dos negócios. Empresas estão oferecendo plataformas de IA na nuvem, permitindo que outras organizações integrem facilmente capacidades de IA em seus próprios produtos e serviços sem a necessidade de investir pesadamente em infraestrutura ou expertise técnica.
Grandes provedores de nuvem, como Amazon Web Services (AWS), Microsoft Azure e Google Cloud, estão liderando essa tendência, oferecendo uma ampla gama de serviços de IA que incluem processamento de linguagem natural, reconhecimento de imagem, análise de dados e muito mais. Esse modelo permite que empresas de todos os tamanhos aproveitem o poder da IA para inovar e competir em um mercado global. A empresa britânica BenevolentAI usa serviços de IA na nuvem para acelerar a descoberta de novos medicamentos, demonstrando como a IA pode transformar a pesquisa científica.
No Brasil, temos o exemplo da empresa de tecnologia TOTVS, que oferece soluções de IA para diversas indústrias, desde a automação de processos até a análise preditiva, ajudando empresas a se tornarem mais eficientes e competitivas.

A Inteligência Artificial está catalisando a criação de novos modelos de negócios e transformando indústrias inteiras. Desde a personalização da experiência do cliente até a automação inteligente e a economia compartilhada, a IA está redefinindo as regras do jogo. Empresas que adotam e investem em IA estão bem posicionadas para liderar a próxima onda de inovação e crescimento. No entanto, é crucial que as organizações abordem os desafios éticos e invistam na capacitação de sua força de trabalho para aproveitar ao máximo as oportunidades que a IA oferece.
A IA representa um campo em constante evolução, com potencial ilimitado para transformar ainda mais o mundo empresarial. À medida que a tecnologia avança, as empresas devem permanecer ágeis e prontas para adaptar suas estratégias e operações para se manterem competitivas e relevantes no cenário global.


(*)Henry Uliano Quaresma é CEO da Brasil Business Partners e membro de conselhos de empresas e entidades empresariais. Foi Diretor Executivo na Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), onde participou ou coordenou mais de 90 missões empresariais internacionais em mais de 50 países. Atuou profissionalmente em universidades como professor, em indústrias e como Secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico Sustentável. É engenheiro, possui MBA em Administração Global pela Universidade Independente de Lisboa, especialização em Marketing pela FGV e concluiu Programas Executivos em Estratégia e Gestão pela Wharton School (EUA) e pela INSEAD (França). É autor de artigos e livros, destacando-se o livro “O Fator China e os Novos Negócios” (2021), obra consolidada como referência na área empresarial.
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