?Ao ensinarem, procurem por mais alegria? (Santo Agostinho)
Uma didática que aceita e incentiva o riso em sala de aula, cria ambiente propício ao ensino e à aprendizagem, ajudando o professor a conquistar a atenção do aluno e este a reter o conhecimento.
Mas como fazer isso se nós fomos doutrinados desde a infância, de que a escola é lugar de seriedade e silêncio, não combinando com diversão, tanto que o período de lazer, conhecido como ‘recreio’, é separado das aulas. Será que isso tudo é porque o professor tem receio de perder a posição de autoridade que, mesmo nos dias de hoje, ainda é cobrada dele, pela direção da instituição de ensino? Seria possível mudarmos esta situação?
Vamos ouvir Paulo Freire, que desde 1993 ao prefaciar o livro “Alunos Felizes”, de autoria do Snypers, nos alerta que “o tempo que levamos dizendo que para haver alegria na escola é preciso mudar radicalmente o mundo, é o tempo que perdemos para começar a inventar e a viver a alegria. Além do mais, lutar pela alegria na escola é uma forma de lutar pela mudança no mundo”.
Então que tal procurarmos juntos mudar esta situação, inserindo o Riso na sala de aula, pois ele também motiva o aluno, tornando-o mais receptivo ao estudo e transformando a aprendizagem adquirida em uma experiência de sucesso. É o riso cognitivo, que irá proporcionar ao aluno um aumento da auto estima e segurança para encarar o seu próprio futuro e todos que o cercam.
Segundo a psicóloga, Emma Otta, Ph.D., Livre Docente do Instituto de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo, “de supérfluo, o riso transforma-se num mecanismo importante para promover desenvolvimento cognitivo e emocional”. O riso cognitivo deriva-se do estado de alegria e felicidade no momento da descoberta de um conhecimento novo. Ele também é um riso de satisfação que para exemplificar, podemos imaginar o riso de Isaac Newton, quando da famosa queda da maça em sua cabeça, prenunciando sua descoberta.
Atenção: o aluno pode não gostar de estudar, mas quem não gosta de aprender. E para isso a atitude do professor é decisiva na sala de aula, pois será sua postura que determinará o clima do ambiente escolar, uma vez que ele tem o poder de tornar a vida do aluno infeliz ou alegre, torturante ou inspiradora. Deste modo, o professor ao entrar na sala de aula, precisa estar com seu humor preparado, deixando seus problemas de fora para se concentrar no seu trabalho com muito humor, para então poder obter produtividade através do riso e da alegria dos alunos.
“A arte mais importante do mestre é a de fazer brotar a alegria no estudo e no conhecimento” (Albert Einstein)
Uma pesquisa publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, em 1996, concluiu que 78% dos alunos entrevistados diziam preferir um professor de bom humor e apenas 51% um professor com mais conhecimentos.
Nós lembramos de dois tipos de professores com quem mais aprendemos na escola: aquele que nos enchia de medo e pavor, e aquele que nos fazia rir e sorrir. Por qual deste tipo se quer ser lembrado? Quanto mais positiva for sua relação com o aluno, maior é a chance de que ele o ouça com atenção e siga seus conselhos.
Agora devemos prestar atenção a um detalhe: a metodologia de sala de aula que trabalha com o riso, não pode ser meramente expositiva, devendo o aluno sair da passividade, como por exemplo, inventando músicas engraçadas que façam recordar acontecimentos históricos ou lugares geográficos, regras matemáticas e até a tabela periódica.
Muitas escolas têm descoberto o valor da brincadeira e da diversão em seu projeto pedagógico, pois com alegria aprende-se de forma mais gostosa do que com as maneiras tradicionais e muitas vezes carrancudas. Mas é preciso ficar atento - se for para brincar apenas por brincar, não é preciso sair de casa, pois na escola, para valer a pena, é preciso brincar muito e aprender.
Para isso, recomendo que a primeira aula seja precedida de uma breve sessão de gargalhada ou quiçá seja ela totalmente dedicada à exposição dos benefícios que o Riso nos proporciona:
* Redução do Bullying e problemas disciplinares;
* Maior atividade e predisposição para aprender;
* Menor taxa de absentismo escolar;
* Melhora no ambiente escolar e na comunicação entre alunos e professores;
* Melhora a oxigenação do cérebro, fazendo pensar com mais clareza e criatividade, aumentando a inovação; e,
* Alunos mais otimistas e de bem com a vida; dentre outros.
Marcelo Pinto é palestrante, gelotólogo, fundador do Espaço do Riso e do Clube da Gargalhada de São Paulo, consultor para inserção do riso e da descontração no ambiente de trabalho, líder da gargalhada certificado pelo Clube da Gargalhada do Brasil, pela Escola do Riso de Portugal e pela Diverrisa da Espanha e autor do livro “Sorria, você está sendo curado” lançado pela Editora Gente, que conta com um capítulo dedicado ao Riso na Sala de Aula.
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