“ELPaís”, o jornal espanhol de maior densidade e credibilidade, acaba de publicar uma ampla reportagem sobre a urbanização desenfreada na América Latina.
Somando todos os países latino-americanos esta é a região mais urbanizada do mundo! 80% dos latino-americanos (cerca de 450 milhões de pessoas) vivem em grandes cidades, marcadas pela falta de infraestrutura mínima. Cidades inchadas, sem esgoto sanitário nem áreas de lazer. Cidades conurbadas e conturbadas pela violência e pela criminalidade. Cidades sem mobilidade, onde o trabalhador chega a levar horas no transporte entre a casa e o trabalho. Cidades que, como Buenos Aires, México e Caracas, concentram a maior parcela da população nacional.
No Brasil, o fenômeno se repete em São Paulo, no Rio e nas demais regiões metropolitanas. Nesse ponto, embora com deficiências estruturais, aqui e ali, Santa Catarina foge da desordem urbana do País, por não ter nenhuma metrópole.
O exemplo catarinense de descentralização populacional é único no País. Embora também tenhamos já problemas decorrentes da explosão urbana, eles são mínimos perto do calvário que é viver nas mega-cidades brasileiras, sobretudo em suas periferias.
As pesquisas qualitativas de opinião pública revelam que mais de 80% dos catarinenses manifestam-se felizes com a vida que estão levando. No resto do Brasil, não chegam a 30%%.
Por isso, diferentemente do eleitor do nosso Estado, nos demais vem aflorando um forte sentimento de mudança, que poderá determinar uma mudança profunda nos quadros dirigentes dos Estados, neste ano, e nas maiorias das grandes cidades nas eleições de 2016.
O quadro agravar-se-á, ainda mais, futuramente. Em 2025 – portanto, daqui a apenas onze anos! – apenas 37 cidades abrigarão 10% da população mundial, o que significa dizer que estamos a apenas uma década do caos!
Já em 2050, as estatísticas mais otimistas indicam para o mundo um acréscimo de dois milhões de habitantes. E uma aglomeração, ainda mais forte, da população nas cidades.
Daqui a quatro décadas, 80% da população mundial estará morando em cidades, o que agravará, sobremaneira, o quadro de enchentes, desabamentos, contaminação, imobilidade e violência.
Há cidades, como Singapura e Seul, que tem logrado crescer rápida, mas ordenadamente, oferecendo a seus moradores uma vida equilibrada entre o trabalho e o lazer. Mas, o exemplo da America Latina é, justamente, o contrário, com cidades sem a mínima infraestrutura; estressantes e violentas.
Segundo Santiago Arias, especialista em Planejamento do Banco Mundial, “Na America Latina, deveríamos passar por um planejamento mais estratégico e sustentável, que, por um lado, mitigue os problemas existentes, como o risco de deslizamento dos morros, ou a falta de capacidade nos sistemas de drenagem, e, por outro, adapte as cidades para que sejam mais resilientes em relação às ameaças climáticas”.
Estão ai os grandes desafios, que não são para o amanhã, mas para ontem.
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