Hoje meu coração amanheceu mais vazio. Certamente não só o meu, mas o de todos os jovens do mundo. Jovens adolescentes, jovens adultos, jovens idosos. Todos aqueles que mantêm seu espírito jovem e viram na tragédia de Santa Maria, no Rio Grande do Sul um pouco dos seus sonhos irem embora. Porque lá dentro daquela casa noturna cabiam centenas de pessoas, mas absolutamente não cabiam todos os sonhos, as vontades, os desejos, os anseios...

Hoje fiz todo o trajeto de ida e de volta do meu trabalho, pensando, lamentando para mim mesma a interrupção prematura da vida destas pessoas. E ainda, durante meu ofício, só conseguia pensar nisso, só lia sobre isso, vivia intensamente a tragédia em mim. Não são meus amigos, tão pouco familiares. Não os conheço. Mas isso nada quer dizer quando mesmo de longe sei que nossas histórias eram as mesmas, nossos sorrisos eram pelos mesmos motivos, nossos sonhos seguiriam os mesmos caminhos, nossas decepções tinham causas semelhantes e para nossos pais continuaríamos sendo crianças por muitos e muitos anos.

Sei que de tanto tentarmos ser diferentes, acabaríamos sendo todos iguais. Hoje, sentindo a dor da tragédia acontecida com nossos irmãos, logo ali embaixo, no nosso estado gaúcho, percebo que ser igual no amor ao próximo, nos sentimentos, é e sempre será o caminho maior, o caminho do nosso coração. Não queria ser redundante e escrever aqui o que todos os meus amigos já disseram: que lamentam, que desejam força a quem fica. Este é meu desejo também. Mas, mais do que isso, precisava de alguma forma externar a angústia que trago por dentro desde a primeira notícia vista sobre a tragédia. Como jornalista, filha, irmã, e acima de tudo jovem, precisava dizer. Só isso.