Há anos uma crise de representatividade vem minando a confiança dos brasileiros em nossa ainda jovem democracia. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos em 2017 mostrou que 94% dos brasileiros não se sentem representados pelos políticos. Em outra pesquisa, realizada pelo Datafolha em 2019, 65% dos entrevistados afirmaram não ter um partido político com que se identifiquem. E aqui no Sul do Brasil é ainda mais grave: 71% declararam não ter partido de preferência. Em 2020, o Pew Research Center realizou estudos em 27 países sobre a satisfação dos cidadãos com a democracia e, no Brasil, 83% das pessoas se declararam insatisfeitas. Esses são apenas alguns números alarmantes que revelam que a população não se sente representada por quem elegeu e por quem está no poder. A falta de representatividade é um dos principais motivos para este descontentamento da população com a política e com a democracia. Mas sem política, resta a barbárie. Sem democracia, resta o autoritarismo. Nós, brasileiros, não queremos isso. Pelo contrário, queremos uma boa política e uma democracia de qualidade, em que os cidadãos se sintam verdadeiramente representados por quem elegem e os partidos representem realmente as diferentes visões que existem na sociedade.

Uma das causas dessa falta de representatividade é o fato de os políticos terem se distanciado demais da população. Encastelam-se nas estruturas dos partidos e das instituições políticas e ouvem os cidadãos apenas nas eleições. E mesmo usufruindo de privilégios e altos salários, alguns deles ainda se envolvem em escândalos de corrupção. Isso faz com que a população acredite que a classe política representa apenas ela própria. Mas temos que separar o joio do trigo, os bons dos maus políticos e corrigir os problemas da nossa democracia.

A democracia brasileira precisa de uma reforma profunda. E acredito que essa reforma começa pelos partidos políticos. Hoje os eleitores não têm chance de escolher quais serão os candidatos dos partidos. Nem mesmo os cidadãos que são filiados aos partidos podem escolher os candidatos, porque os partidos no Brasil têm donos. São aqueles poucos indivíduos que decidem toda a vida partidária em seus pequenos grupos e em reuniões a portas fechadas. E assim decidem, sem consultar os filiados, quais serão os candidatos do partido. Além de não ser democrático, esse procedimento muitas vezes desmotiva as bases de filiados, pois não se sentem parte ativa de um projeto político comum. Por que não adotamos aqui no Brasil um sistema de prévias partidárias como aquele que existe nos partidos democrata e republicano dos EUA, em que todos os filiados de cada partido podem votar para decidir qual será seu candidato? Não seria esse o procedimento mais democrático? O candidato escolhido não seria mais representativo daquele partido? Tenho certeza que sim.

Por isso defendemos uma boa política, verdadeiramente democrática, onde os partidos não tenham donos. O dono da democracia é o povo. Do mesmo modo, os donos dos partidos são todos os filiados, não as "elites" políticas. Porque quem faz os partidos são as bases partidárias, que genuinamente representam as diferentes visões que existem na sociedade. Aqui no MDB de Santa Catarina, estamos colocando em prática esta visão: pela primeira vez nossos 187 mil filiados poderão participar da decisão de quem será o candidato do partido. Como presidente do partido, trabalhei muito para que isso se tornasse uma realidade. E tenho orgulho que essa coragem do MDB SC seja um exemplo para todo o País. Defendemos as prévias porque queremos uma verdadeira democracia partidária. Tenho certeza de que isso vai nos ajudar a tornar a política melhor e mais representativa, e capaz de trazer resultados que realmente atendam os anseios da população e gerem mais desenvolvimento para Santa Catarina e para o Brasil.