Neste sábado, 22 de janeiro, o mundo comemora os 450 anos de nascimento de Francis Bacon, o filósofo inglês que, com toda justiça, é considerado o fundador da ciência moderna.


Insatisfeito com o estado em que se encontrava a ciência da sua época, ele propôs uma reforma completa do conhecimento, pela construção de um novo método científico, que fosse além das fronteiras fixadas por Aristóteles.


Bacon acreditava que a filosofia anterior (especialmente a Escolástica) era estéril, por não apresentar nenhum resultado prático para a vida do homem. Sua grandeza está em ele ter percebido que o conhecimento científico deveria estar a serviço do homem, a fim de dar-lhe poder sobre a natureza.


E ele teve êxito em seu intento, esboçando, pela primeira vez na história da humanidade, uma metodologia racional para a atividade científica.
O objetivo do seu método era constituir uma nova maneira de estudar os fenômenos naturais, descrevendo, de modo pormenorizado, os fatos observados para, em seguida, confrontá-los com três tábuas que disciplinarão o método indutivo: a tábua da presença (responsável pelo registro de presenças das formas que se investigam); a tábua de ausência (responsável pelo controle de situações nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes); e a tábua da comparação (responsável pelo registro das variações que as referidas formas manifestam).


Mas, Bacon foi, também, um escritor notável. Seus “Ensaios” tornaram-se tão famosos quanto os de Montaigne, sendo um dos primeiros respiros da prosa inglesa moderna. Há até quem acredite que tenha sido ele o verdadeiro autor das peças de Shakespeare, teoria surgida há séculos, na chamada Questão da Autoria de Shakespeare. Ambos são, de fato, férteis em comparações significativas e substanciosas, abusando de precisas metáforas, alegorias e alusões.


Muitos de seus ditos tornaram-se proverbiais, tal a sua capacidade de condensar um livro em um parágrafo, oferecendo-nos uma infinita riqueza numa pequena frase.
Aqui vão algumas das que mais gosto:


"A esperança é um bom desjejum, mas um mau jantar". "Pede conselho aos dois tempos: ao antigo sobre o que é melhor, ao moderno sobre o que é mais oportuno". "Nada prejudica tanto uma nação quanto gente astuta passar por inteligente". “O dinheiro é um bom criado, mas um mau senhor".

“O dinheiro é como o adubo, só é bom se for distribuído". “A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas". “Aquele que não consegue perdoar aos outros, destrói a ponte por onde irá passar".

"O ambicioso não possui os seus bens; os bens é que o possuem". "Com a vingança, o homem iguala-se ao inimigo. Sem ela, supera-o". "Triste não é mudar de idéia. Triste é não ter idéia para mudar". "A consciência é a estrutura das virtudes". "O conhecimento é em si mesmo um poder".

“Os jovens estão mais aptos a inventar que a julgar; mais aptos a executar que a aconselhar; mais aptos a tomar a iniciativa que a gerir". "Não há comparação entre o que se perde por fracassar e o que se perde por não tentar". "A voz do povo tem alguma coisa de divino".
 

São, sem dúvida, lições de mestre!