Neste sábado, o mundo pranteia os 174 anos da morte do poeta russo Pushkin, os 63 anos do assassinato do líder pacifista Mahatma Gandhi e comemora os 145 anos do nascimento do escritor francês Romain Rolland.

Pushkin dizia: "Nunca encontrareis a poesia se não a tiverdes dentro de vós".
Romain Rolland ensinava: "A mais bela teoria só tem valor através das obras que realiza”.

Gandhi pregava: "Orar não é pedir. Orar é a respiração da alma”; “Quem distribui flores, antes, perfuma as próprias mãos”; "Felicidade é quando estão em harmonia o que se pensa, o que se fala e o que se faz".

Neste domingo, os catarinenses, especialmente os joinvilenses, celebram os 91 anos do nascimento do saudoso padre Tarcísio Marchiori.

Nova trentino, desde muito cedo sentiu o chamado do Senhor: aos nove anos entrou para o Colégio dos Irmãos Maristas, onde ficou até os 16. Aos 20 foi para o seminário de Azambuja, onde estudou por três anos. Fez filosofia e teologia no seminário de Ipiranga, em São Paulo, recebendo ajuda de madre Paulina na manutenção dos estudos. Recebeu o subdiaconato no dia 12 de março de 1949 e foi ordenado sacerdote no dia 4 de dezembro de 1949.

Fiéis de diversas cidades catarinenses puderam sentir a alegria da presença marcante de padre Tarcísio. De 1950 a 1960 foi professor em Florianópolis. Seguiu depois para Taió, onde foi professor no seminário até 1963. Entre 1965 e 1967 ficou em Azambuja. Também foi vigário da Paróquia de Garuva durante dez anos.

Em 1976, Padre Tarcísio chega a Joinville, onde passou a atuar como professor no Seminário Divino Espírito Santo. Foram 23 anos de dedicação integral em prol das vocações sacerdotais. Para o reitor do Seminário, padre Adenir José Ronchi, "ele era um homem muito humilde, despojado, sábio e piedoso”.

Tanto era assim que sua presença também era constante também na Arca da Aliança e entre os enfermos do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt.

Suas poucas horas vagas eram dedicadas à literatura: além de ler muito, publicou 12 livros, entre poemas, cânticos, histórias e ensinamentos filosóficos e teológicos.
O professor e filósofo Evaldo Pauli, que também foi padre católico entre 1950 e 1967, afirma em suas memórias que "eram muito proveitosas minhas conversações com meu colega mais velho Tarcísio Marchiori”. E relembra que “no Congresso Nacional de Filosofia realizado em 1953, em Curitiba, acertara com meu colega Tarcísio Marchiori a fundação da secção catarinense do IBF (Instituto Brasileiro de Filosofia), da qual seríamos os dois primeiros sócios”.

Na introdução do seu romance-poema "Terra dos Carijós", padre Tarcísio revela seu encantamento com a bela ilha de São Francisco do Sul. "Naquele tempo, a mata selvagem alongava seus ramos, indômita, sobre o mar. Do alto dos troncos barbados, laelias espalhavam pétalas rubras nas areias da praia. Sob o manto verde da floresta, entrelaçado de cipós, cada galho agasalhava um ninho e cada fronde escondia bandos de saíras e tiés, gaturamos e tangarás.

Quando surgia o sol, derramando tintas no oceano e flechando com seu arco de ouro o coração do bosque, as ondas, como que em reverência, tornavam-se suaves para ouvir a orquestra dos pássaros".

No dia 4/12/1999, aos 79 anos, a missa pelos 50 anos de sacerdócio do padre Tarcísio reuniu centenas de fiéis, amigos e admiradores. Quem o via, percebia que ele havia encontrado a poesia dentro de si. Sabia o valor das obras que realizara. Sentia o perfume em suas mãos, sua alma respirando e a harmonia da felicidade plena.