Durkhein afirmou que a Educação é um fato social. Esta afirmação não contém nada de surpreendente para a atualidade, porquanto o estudo de aspectos sociológicos da Educação e de suas diferentes abordagens teórico-metodológicas circulam amplamente no campo acadêmico, fornecem subsídios ao planejamento de ações educativas e de políticas públicas neste setor e são frequentemente divulgados pela grande imprensa.
No estudo do contexto histórico em que se operou a lenta e progressiva constituição do sistema educativo, Durkhein tomou por base a constatação de que mesmo nas sociedades mais simples se instituíram práticas educativas para transmitir às crianças e aos jovens seus conhecimentos acumulados, normas, costumes, valores e histórias do grupo. Isto confere a este sistema um caráter comum - social - e essencial.
As ações educativas não devem ser entendidas como isoladas de outras práticas sociais, posto que, malgrado a relativa autonomia de cada sistema social, eles são sempre partes de um todo com o qual se integram na consecução de um fim comum.
No esforço de distinguir o caráter e a natureza da Educação, Durkhein (ano, apud TURA et al., 2001, p.49) a definiu como:
"A ação exercida pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontrem ainda preparadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine."
Na verdade, a Educação se confunde com o próprio processo de humanização, porquanto é a capacitação do indivíduo tanto para viver civilizadamente e produtivamente, quanto para formar seu próprio código de comportamento e para agir coerentemente com seus princípios e valores, com abertura para revisá-los e modificar seu comportamento quando mudanças se fizerem necessárias (MOTTA, 1997).
De acordo com Freire (1997, p. 76), "a educação, qualquer que seja o nível em que se dê, se fará tão mais verdadeira quanto mais estimule o desenvolvimento desta necessidade radical dos seres humanos, a de sua expressividade".
A Educação tanto tem um lado individual, que envolve a formação e o desenvolvimento da personalidade de cada indivíduo, como tem seu lado social, uma vez que toda educação escolar, analisada como processo sociocultural, normalmente relaciona-se a um projeto nacional. No que diz respeito à educação nacional, pode-se destacar as ideias de Sucupira (1993 ou 1994, p. 21):
"A ideia que nós fazemos de educação nacional parte desta verdade evidente de que na realidade não há formação do homem abstrato, não pode haver educação desvinculada das motivações concretas e dos objetivos de uma determinada sociedade. Não se pode pensar o processo de humanização do homem independentemente de um povo, de uma cultura, de uma circunstância histórica, de uma comunidade nacional. Por isso, a cada configuração histórico-cultural corresponde uma autocompreensão do homem e, consequentemente, toda educação que nela se elabore, mesmo visando a realização do homem em suas dimensões universais, reflete, necessariamente, o espírito de sua época, a vida e a alma de sua cultura."
A Educação, sendo por excelência o processo de mudanças sistemáticas e conscientes que se faz de forma planejada e organizada, tende a se firmar como o mais eficaz instrumento que o governo possui para efetivar o desenvolvimento de um povo, porquanto envolve todos os processos voltados para a preparação das pessoas para as mudanças exteriores e interiores, com o objetivo de antecipar o desenvolvimento e deixá-las apta a aceitarem, entenderem a aceitarem os desafios do futuro com capacidade para moldá-lo aos seus princípios, valores e interesses individuais e sociais.
Autor: Adelcio Machado dos Santos | Reitor da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (Uniarp)
Deixe seu comentário