Por Marcos Antônio Zordan*

O cooperativismo – cujo dia internacional comemora-se no primeiro sábado do mês de julho – deixou de ser apenas uma doutrina bonita, apurada e reconhecida mundialmente para transformar-se em um grande e eficaz instrumento de transformação da sociedade humana. Em todo o planeta, com destaque para o continente europeu, mais de 760 milhões de pessoas beneficiam-se dos efeitos da cooperação na vida cotidiana.

No Brasil, onde, dependendo da região geográfica e da área focalizada, ora superamos orgulhosamente paradigmas europeus, ora constrangidamente perdemos para padrões africanos, o cooperativismo vem atuando para reduzir gritantes contrastes socioeconômicos. O sistema cooperativista brasileiro reúne mais de 7,7 mil cooperativas em 13 ramos de atividade em todo o País com mais de 7,9 milhões de associados. Os impactos socioeconômicos da atividade das cooperativas na sociedade brasileira são evidentes, pois sustentam mais de 258 mil empregos diretos e respondem por 6% do PIB nacional. As exportações diretas do setor somam US$ 4 bilhões anuais.

Santa Catarina tornou-se exemplo nacional de desenvolvimento. Alguns fatores explicam esse sucesso. Um deles é a sua gente, esse povo forjado nos princípios do trabalho e do amor à terra, às tradições e à cultura. Outro fator é a opção pelo cooperativismo. Aqui funcionam 255 cooperativas de 12 diferentes ramos que movimentam R$ 11 bilhões por ano. Isso equivale a 12% do PIB do Estado. Juntas, elas reúnem 858.000 famílias associadas que representam 2,5 milhões de pessoas. Ou seja: mais de um terço dos catarinenses estão diretamente relacionados ao cooperativismo.

Os estudos comprovam que, nas regiões onde atuam, as cooperativas elevam o índice de desenvolvimento humano (IDH). Muito além do proselitismo, essa constatação resulta das preocupações com a qualidade de vida dos colaboradores, cooperados e familiares, com o meio ambiente, com a redução da emissão de poluentes, com educação, saúde e lazer, dentre outras.

As principais ações das cooperativas no plano social concentram-se na participação nas sobras e resultados, comunicação interna e externa, educação (de alfabetização até qualificação acadêmica), programa de talentos e recrutamento interno. Ações do serviço social direcionadas aos empregados e aos associados das cooperativas compreendem uma série de benefícios relacionados ao transporte, alimentação, saúde e acompanhamento familiar. Nessa linha são desenvolvidos os programas de nutrição, de gestante, de esporte e lazer.

Entretanto, prédios, instalações, normas, leis, produtos e serviços não distinguem nem caracterizam a essência de uma sociedade cooperativa. Cooperativismo é, fundamentalmente, uma comunidade de pessoas e da qualidade dessas pessoas dependerá o grau de sucesso dessa organização humana.

Uma das prioridades das cooperativas está no trinômio educação/formação/informação, ferramenta empregada para qualificar as pessoas para a prática cotidiana e responsável do cooperativismo. A conjugação de educação com informação permite a formação do cooperativista, instrumentalizado para defender o sistema dos desafios e ameaças que as mudanças e transformações encerram, bem como a identificar e aproveitar as oportunidades que traz em seu bojo. Educação, formação e informação – mais que um princípio do cooperativismo – compõem a fórmula capaz de perpetuar o cooperativismo pela capacidade de readaptação, atualização e reciclagem que transmitem.

Em Santa Catarina há um cooperativismo maiúsculo que, há várias décadas, significa trabalho, renda, habitação, ensino e assistência. E futuro.
 

* Presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)