Artigo: As mazelas dos políticos e seu descrédito, por Cabo Elisandro Lotin de Souza
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Elisandro Lotin de Souza é Cabo da PM/SC, presidente da Anaspra (Associação Nacional de Praças) e Coordenador de Relações Públicas da Associação de Praças de SC (Aprasc)
O Governador Colombo tem afirmado reiteradamente que a classe política perdeu a credibilidade e a legitimidade. Tal afirmação é fato, e a revolta da sociedade com os escândalos perpetuados por autoridades políticas demonstra isso. Eles revelam as promessas não cumpridas, a inversão de prioridades para atender interesses privados, do poder econômico e de algumas castas do setor público.
Sim, os políticos perderam a credibilidade. E o Governador de Santa Catarina, junto com seus auxiliares, a despeito do discurso politicamente correto, na prática contribui muito para que tal lógica permaneça e até se aprofunde. É preciso que as todas autoridades assumam sua responsabilidade de fato e na prática do dia a dia remem contra essa política elitista e de acordos com a aristocracia, já muito beneficiada em detrimento da maioria da população. Hoje, as autoridades, na ânsia de se manter no poder, ora falam uma coisa, ora falam outra e assim aprofundam a desmoralização em uma clara situação onde suas palavras não correspondem aos fatos.
Reconhecemos que no primeiro mandato do atual governo e a partir de negociações que duraram um ano, tivemos avanços salariais e na carreira, depois de décadas de descaso do Estado com a categoria. Até 2013, a imensa maioria do efetivo da PM e do BM estava condenada a ficar 20 e até 30 anos sem uma única promoção. Quanto a salário, desde 2003 a categoria não tinha incremento, vítima do calote perpetrado pelo governador Luiz Henrique (PMDB) que jamais cumpriu a lei 254 por ele sancionada naquele ano. Portanto, os avanços resultam da luta da categoria através da Associação de Praças de Santa Catarina (Aprasc).
O avanço salarial obtido em 2013 ocorreu a partir de premissas centrais debatidas durante quase um ano com o governo que simplesmente as "esqueceu" em seu segundo mandato. No momento em que editou a Medida Provisória 202, agora suspensa por ordem da Justiça como alertamos que aconteceria, o governo descumpriu sua palavra, gerando o descrédito e a revolta dos profissionais. Retirar a indenização para afastamentos de saúde, como em tratamento de problemas de ordem psicológica, configura ainda extrema irresponsabilidade. Os afastamentos por saúde, quando da edição da MP em agosto último, diminuíram, obviamente, porque os profissionais viram seus vencimentos reduzirem em 17%, então voltaram ao trabalho, doentes.
Em boa hora a Justiça se manifestou para dizer o que temos dito desde que o governo, traiçoeiramente, editou a referida MP 202: é inconstitucional, pois impôs jornadas de até 260 horas por mês, 80 a mais do que determina a Constituição do Estado, sem pagamento e sem folga; é ilegal em sua forma, pois regular jornada de trabalho e mexer com a remuneração dos servidores só pode ser feito através de lei complementar.
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