Ulisses Gabriel é delegado e presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Santa Catarina (Adepol/SC)

Roberto Gomes escreveu um livro chamado "A crítica da razão tupiniquim", onde fala da "seriedade" e do "jeitinho" Brasileiro. Tema atualíssimo. Em um dos capítulos cita uma frase de Mário de Andrade: "Aliás muito difícil nessa prosa onde termina a blague onde principia a seriedade. Nem eu sei."

Devemos lutar contra a "lei da vantagem", principalmente na administração pública, onde o gestor, além de eficiente, deve primar pela efetividade, ou seja, as ações além de atingirem seus objetivos com o mínimo de dispêndio de energia, devem contribuir para o bem da população.

Dessa forma, a gestão pública deve ser baseada na capacidade, na honestidade e na competência, sem que locupletação com o tal "jeitinho", a malandragem. Um bom exemplo que de que a "vantagem" em cima dos outros sem consequência, foi a Copa do Mundo no Brasil.

 "Absorvemos" um erro e comemoramos com um erro da arbitragem. Mas a suposta "malandragem" caiu, dando vez e voz à competência e à honestidade, que não concorda com a simulação e não defende aqueles que são "corruptos", como se "roubado" fosse mais gostoso.

Ora, todo administrador, público ou privado, acaba por gerenciar um grande time de pessoas, trazendo a motivação, a inovação e o empreendedorismo para o seu meio, fazendo grandes mudanças na sociedade e transformando as dificuldades em oportunidades.

Assim, jamais devemos proteger os aqueles que levam "vantagem" em tudo, seja na própria seleção, nas empresas ou no serviço público, devendo a população cobrar, de forma efetiva, a busca pela probidade e a honestidade.

Não adiante apenas dizer que é um bom gestor público e ser apenas eficaz (atingindo os objetivos). Esse gestor deve ser eficiente, mas atingir os objetivos da melhor forma e com o menor custo, mas atendendo bem a população.

Por isso nem sempre o melhor gestor público é o que não gasta, mas aquele que sabe gastar para termos efetividade e por consequência um bom serviço público para a população, sem jamais esquecer os servidores, que devem ter suas potencialidades reconhecidas e valorizadas, com base na meritocracia, sem o "jeitinho", senão estaremos condenados, apenas, a cem anos de solidão, com diria Gabriel Garcia Marquez, mas a eterna desgraça.