Luiz Henrique da Silveira, senador da República
A visita que o Chanceler Shinzo Oba acaba de fazer ao Brasil tem muitos significados. O primeiro deles é a recuperação do espaço japonês nas relações nipo-brasileiras.
Nos últimos anos, o Japão perdeu esse espaço para vários países, sobretudo para a China continental.
Dirigentes dos 40 maiores grupos japoneses acompanharam o Primeiro Ministro Oba ao Brasil, o que, por si só, representa o alto grau de prioridade que o governo e a comunidade empresarial nipônica estão dispensando ao nosso País.
O Brasil abriga o maior contingente de emigrantes japoneses. São um milhão e oitocentos mil, contando os descendentes, Por outro lado, há um grande número de brasileiros, residindo no Japão, enquanto empresas nipônicas estão aqui estabelecidas, há décadas.
Quando eu era líder da Bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, recebi a visita do Presidente do maior banco japonês, que, aposentando-se, estava retornando ao Japão. Ele me falou, sem querer me agradar, que o Brasil era o País onde os japoneses se sentem melhor tratados. “Aqui no Brasil – disse ele - somos tratados carinhosamente. Ninguém nos discrimina, como em outros países da Europa, da Ásia e da Norte-América. Aqui no Brasil, o máximo que sofremos é com algumas piadas, mas são carinhosas, não são ofensivas, como em outros lugares. Se tem um lugar onde o japonês é bem acolhido, é no Brasil”.
Por isso, não tem sentido a redução dos investimentos japoneses e do comércio bilateral com o Brasil.
Aqui em Santa Catarina, temos vários exemplos bem sucedidos de acolhimento de imigrantes japoneses. É o caso de São Joaquim, onde se desenvolveu a cultura da maçã; de Frei Rogério, com a produção de Pera Nashi; de Itajaí, com o cultivo do arroz.
Quando assumi o Governo, procurei logo a JICA (agência japonesa de desenvolvimento), com a qual contratamos um financiamento de R$ 281,5 milhões, com juros de 1,2 % ao ano, 7 anos de carência e 25 anos para pagá-lo, que estão sendo investidos pela CASAN, no saneamento da Ilha de Santa Catarina e de vários municípios litorâneos.
Após a enchente de 2.008, obtive daquela empresa o projeto de contenção das cheias, que prevê a elevação da altura das barragens e a retificação de vários rios da Bacia do Rio Itajaí-Açu, cujas obras estão sendo realizadas, ou em fase de contratação pelo Governo Raimundo Colombo/Eduardo Moreira.
Entabulamos com o Japão negociações para a venda da nossa carne suína àquele País, que o Governador Raimundo Colombo concretizou, meses atrás, depois de uns seis anos de demarches.
A volta, com toda força, do Japão ao Brasil é uma grande oportunidade para que as nossas exportações para aquele País ganhem nova e crescente escala, e para que nos beneficiemos com importações de bens de capital (máquinas e equipamentos) de alta tecnologia.
Hoje, governo e empresas japonesas investem no Brasil 35 bilhões de dólares norte-americanos. O grau de complementaridade das nossas economias, no entanto, permite, no mínimo, quintuplicar esse número, em um prazo relativamente curto.
Para isso, é preciso remover vários entraves, a começar pela cláusula do MERCOSUL que não nos permite firmar acordos comerciais isoladamente com outros países.
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