Você já imaginou se os 55 acessos aos municípios tivessem que ser feitos pelo Governo Federal?
Em apenas 10 anos, o Governador Raimundo Colombo e eu pavimentamos todos eles, numa extensão, somada, de 980 quilômetros, fazendo de Santa Catarina um dos raros Estados do Brasil e da América Latina que tem todos os municípios ligados por asfalto à malha rodoviária.
Então imagine, tomando como exemplo as novelas das BR-470 e BR-280. Elas se localizam nos dois polos econômicos mais industrializados do Estado, e, por isso, os mais movimentados. Nesse mesmo período -- uma década! – nenhum centímetro foi duplicado.
A BR-470 atravessa, desde a foz, uma das regiões mais desenvolvidas do País, o Vale do Itajaí.
A BR-280 vai do litoral ao Planalto Norte, percorrendo o território do avançado polo empresarial de Joinville e Jaraguá do Sul, subindo ao centro de produção moveleiro de São Bento do Sul.
Elas fluem para dois dos mais movimentados complexos portuários do Brasil: o de Itajaí/Navegantes e o de São Francisco do Sul/Itapoá.
Na última sexta-feira, saí de Joinville em direção a Jaraguá do Sul. Levei quase duas horas para vencer a fila de caminhões, ônibus e automóveis, que transformaram aquela rodovia numa enervante “procissão”.
Quem precisa vir do Oeste, de Rio do Sul, Timbó por Indaial, com destino a Blumenau ou à litorânea BR-101 vive esse mesmo drama todos os dias e agradece a Deus quando chega ileso ao destino, tantos são os acidentes.
Na semana passada, uma violenta colisão entre um caminhão e um automóvel ganhou grande repercussão, porque as cinco vítimas que viajavam no carro eram técnicos que prestavam serviço à BMW.
Aquele acidente fez-me trazer à luz uma luta em que tenho sido, praticamente, uma voz solitária na política nacional. Uma questão tão dramática como essa recente tragédia rodoviária é a falta de propostas sobre a descentralização do país.
A concentração em Brasília de 63% do dinheiro dos impostos que pagamos, sem perceber, toda hora e todo instante, faz com que toda a nação dependa de soluções de burocratas e técnicos que estão distantes dos problemas do nosso povo.
Essa é a matriz, a raiz, a origem do nosso baixo investimento em infraestrutura, pois sempre aquele decide está longe das pessoas em favor das quais deva ser adotada a decisão, ou ela é tardia ou equivocada.
Brasília está distante, e, por isso, não sente o clamor das famílias enlutadas, dos empresários prejudicados, dos motoristas irritados. Brasília não é capaz de sentir os reclamos nem perceber as angustias do nosso povo.
Seja quem for o futuro Presidente, será assim, se o que assumir não descentralizar a gestão do País. Não descentralizando, passarão mais quatro anos – seja quem for o Presidente da República! – e continuaremos a ver as BRs 470 e 280 causando prejuízos ao Estado e ao País, poluindo a atmosfera com o gás carbônico que exala de suas filas intermináveis...
Não descentralizando, choraremos por muitas outras mortes e pediremos a Deus que poupe todos os feridos.
Não descentralizando, marcharemos para trás. Perderemos a oportunidade de nos tornarmos uma potência industrial, e voltaremos a ser um desimportante País exportador de minerais não elaborados e grãos agrícolas.
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