A Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) proclamou em junho passado que 2025 será o Ano Internacional das Cooperativas, ancorado no lema “Cooperativas constroem um mundo melhor”. Esse é mais um justo reconhecimento da imensa contribuição do cooperativismo para a sociedade humana.
O cooperativismo é um modelo de negócio que segue sete princípios basilares como linhas orientadoras, inspiradas nas quais as cooperativas levam os seus valores à prática: adesão voluntária e livre; gestão democrática; participação econômica dos membros; autonomia e independência; educação, formação e informação; intercooperação e interesse pela comunidade.
Essa concepção associativista vai além da geração de lucro, pois está fundada na união e no vínculo de confiança entre pessoas. As grandes decisões administrativas e estratégicas são tomadas de forma coletiva e colegiada, refletindo o princípio da gestão democrática.
As cooperativas são organizações democráticas controladas por todos os seus membros, que participam ativamente na formulação de suas políticas e na tomada de decisões, diretamente ou por representantes eleitos. Essa governança evita decisões especulativas e precipitadas, assegurando maior grau de êxito na gestão da cooperativa.
Nas cooperativas, os resultados financeiros são computados como “sobras” (o que corresponde ao lucro nas empresas mercantis) reinvestidas no desenvolvimento da cooperativa, conforme decisão da Assembleia Geral e/ou distribuídos aos associados na proporção direta da participação/produção de cada um. A relação econômica entre a cooperativa e os seus associados tem como objetivo final a geração de renda para os cooperados.
Os excedentes da cooperativa podem ser destinados às seguintes finalidades: benefícios aos membros, apoio a outras atividades aprovadas pelos cooperados ou para o desenvolvimento da própria cooperativa.
A história já demonstrou que o cooperativismo é um modelo de negócios viável para milhares de trabalhadores brasileiros se inserirem no mercado, podendo prestar seus serviços com melhores condições e maior lucratividade. Em um mundo com grandes transformações tecnológicas e cada vez mais conectado, o cooperativismo possui um imenso potencial para organizar pessoas em plataformas de aplicativos e de compras coletivas, valorizando o seu trabalho e evitando que os resultados destas atividades sejam deslocados para poucos, em grandes centros urbanos, muitas vezes, em outros países.
Em todo o mundo as cooperativas utilizam parcela do seu faturamento em prol de ações sociais. É a concretização do sétimo princípio universal do cooperativismo – interesse pela comunidade – porque contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades é parte da essência do cooperativismo. A lei cooperativista brasileira reforça esta responsabilidade, com a instituição do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (Fates), constituído de 5%, no mínimo, das sobras líquidas apuradas no exercício, destinados à prestação de assistência aos associados, seus familiares e, quando previsto nos estatutos, aos empregados da cooperativa e à comunidade em que está inserida.
Fiel ao postulado da adesão livre e voluntária, as cooperativas são abertas para todas as pessoas que queiram participar e que estejam alinhadas ao seu objetivo econômico e dispostas a assumir suas responsabilidades como membro. Não existe qualquer discriminação por sexo, raça, classe, crença ou ideologia. As cooperativas são organizações autônomas que atuam como importantes agentes de desenvolvimento regional do país, seja no atendimento a serviços básicos para a população, como no caso dos serviços de saúde, educação e eletrificação rural, como a partir de um modelo de negócios viável para organização de produtores e trabalhadores no campo e nas cidades.
Santa Catarina, onde mais da metade da população tem vinculação com o setor, vai certamente viver com intensidade o Ano Internacional das Cooperativas.