Falta de mão de obra e cenário fiscal preocupam a indústria, diz Mario Cezar, presidente da FIESC
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Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC: "É preciso recuperar a confiança do empresário para garantir os investimentos" (Fotos: Filipe Scotti)
Gastos do governo elevam pressão sobre os juros e o dólar impactando negativamente a economia", alerta ele
O pacote de corte de gastos apresentado recentemente pelo governo federal não deve ser capaz de equilibrar as contas públicas, aumentando a pressão sobre a taxa básica de juros e o valor do dólar.
A avaliação foi feita pelo presidente da Federação das Indústrias de SC (FIESC), Mario Cezar de Aguiar, durante o balanço econômico da entidade, na sede da Federação, em Florianópolis. Segundo ele, o equilíbrio fiscal e a falta de mão de obra seguem como principais preocupações do setor industrial para o próximo ano.
Cenário para 2025
“Em 2025 vamos começar a sentir os impactos do ciclo de alta da Selic, com efeitos negativos para os setores que dependem de crédito, justamente os que vinham puxando para cima o desempenho da indústria catarinense”, explicou. A expectativa é que o movimento de alta dos juros afete também o consumo, numa tentativa de frear a inflação.
“Embora diversificada, a indústria catarinense tende a ter um desempenho menos robusto do que em 2024, dada a expectativa de retração no crédito e no consumo”, observou
Panorama mundial
Diante da perspectiva de um cenário externo ainda mais desafiador em 2025, com o aumento dos conflitos no Oriente Médio e a situação na Ucrânia ainda afetando o ambiente geopolítico, o presidente da Fiesc antevê uma conjuntura complexa para o comércio internacional, com China e Estados Unidos lançando mão de políticas protecionistas. “SC até poderá se beneficiar, mas ainda é cedo para avaliar quais as efetivas oportunidades para as indústrias do estado”, avaliou Aguiar.
Força de trabalho
Outra grande preocupação do setor industrial, manifestada pelo presidente da Fiesc, é a escassez de trabalhadores e a necessidade de qualificar a força de trabalho, uma vez que o estado vive uma situação de pleno emprego. No acumulado do ano até outubro houve um aumento de 6,5% no estoque de empregos da indústria de SC.
Dados do IBGE mostram que o estado tem a terceira menor taxa de desocupação do país, de 2,8% (dados do terceiro trimestre).“Situação já rotineira, a dificuldade em preencher vagas e atrair os jovens para o trabalho na indústria é um dos principais gargalos para o crescimento”. Estudo da Confederação Nacional da Indústria mostrou que para atender a demanda da indústria de Santa Catarina nos
próximos três anos, será necessário qualificar 953,4 mil trabalhadores
Bolsa Família
No entender de Aguiar, há necessidade de aprimoramento do programa Bolsa Família, pois já afeta o mercado de trabalho. Segundo ele, embora seja uma iniciativa importante de enfrentamento à pobreza, ela precisa ser aperfeiçoada, pois desestimula a busca por emprego e incentiva a informalidade. “Vivemos um paradoxo: enquanto 20 milhões de famílias brasileiras recebem o benefício, empresas têm dificuldade para contratar trabalhadores”, argumentou Aguiar.
Nesse sentido, a Federação enviou à bancada federal catarinense manifestação em que propõe mudanças no programa.
Porto de Itajaí
No encontro com a imprensa, o presidente da Fiesc, Mário Cezar de Aguiar, expressou sua preocupação com a possibilidade de federalização do porto de Itajaí, "Santa Catarina tem uma gigantesca estrutura portuária, e pode perder parte de sua movimentação de cargas para o porto de Santos", lamentou ele. De fato, o governo federal confirmou, na terça-feira, 17, que a gestão do porto de Itajaí será feita pela Autoridade Portuária de Santos (APS).
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