Há vinte e cinco anos, conheci Macau, a antiga colônia portuguesa, situada numa pequena ilha na baia de Hong-Kong. Além das ruínas da fortaleza e da catedral de São Paulo, havia sobrado um conjunto de ruelas e casas típicas semelhantes às do Chiado, o bairro que melhor denomina a velha e bela Lisboa.
Embora governada durante 340 anos pelos portugueses, somente 3% dos seus habitantes falam a língua de Camões. De lembrança presente no centro velho de Macau, apenas as placas das ruas, com nomes curiosos, como “Azinhaga dos Amores” ou “Travessa das Lindas”.
Nela habitam permanentemente 600 mil pessoas. Chineses na esmagadora maioria, que falam o cantonês, uma língua diferente do mandarim (predominante na China continental) como o português é do italiano.
Quando a visitei, pela primeira vez, em 1989, seu território era de apenas 14 quilômetros quadrados. Hoje são ainda poucos 30 quilômetros, com os 16 que foram ganhos do mar, nos aterros em cima dos quais foram construídos as centenas de grandes edifícios que compõem o seu complexo turístico.
Quando aqui o jogo (mesmo só em estâncias de luxo) é proibido, e não se pode nem fazer marinas para receber iates transatlânticos, ver como modernizaram Macau, tirando proveito do turismo, gerando milhares de empregos vem remunerados, deixa a gente deprimido.
Os norte-americanos construíram o seu império debaixo de uma máxima: “follow the money”. Foi seguindo o dinheiro que tornaram New York capital do mundo, e Las Vegas e Orlando mecas do turismo.
Com o mesmo instinto, estão fazendo de Macau uma Las Vegas maior do que a do deserto de Nevada. Com uma velocidade inédita, em apenas 16 anos construíram lá complexos de hotéis e cassinos colossais, como o “Venezia”, que reproduz o centro veneziano, com canais, gôndolas, gastronomia, música e tudo o que fez da terra de Marco Polo e Vivaldi uma obra urbana sem igual.
Com isso, Macau passou a receber 28 milhões de turistas por ano. Os chineses são mais da metade. Eles vem ávidos para jogar nos cassinos, hospedar-se em hotéis luxuosos e assistir a shows de famosos artistas internacionais.
Embora tenha sido devolvida por Portugal e reincorporada ao território chinês, Macau exige visto de entrada. Com exigência de visto, já é difícil circular lá, imagine se os chineses (e também indianos), que vem às levas, pudessem entrar lá livremente.
O que se vê em Macau é o frenesi de uma horda asiática, arriscando nas máquinas e nas roletas, e limpando as prateleiras das mais diversas e sofisticadas marcas ocidentais. Seguindo essa lógica, os mega-investidores norte-americanos se uniram aos chineses estão lá, fazendo maravilhas.
China e Índia reúnem um terço da população mundial. Ali um grande crescimento econômico constante vem produzindo milhares de milionários, além de uma classe média com condições de viajar pelo mundo.
Hong-Kong e Macau viraram Meca e Medina dessa nova explosão de consumidores. E pela velha lei “follow the money” os donos do dinheiro estão lá, multiplicando por 10 ou por 100 o que lucrariam aqui no Brasil.
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